Restauro polémico da pirâmide egípcia de Menkaure: "Será que devemos endireitar a Torre de Pisa?", dizem os egiptólogos
A renovação da pirâmide de Menkaure, no complexo de Gizé, no Egito, desencadeou uma onda de críticas nas redes sociais, com especialistas e comentadores a denunciarem o projeto como “absurdo”.
Um vídeo recente patenteia o trabalho de renovação da pirâmide de Menkaure, no complexo de Gizé, no Egito, e gerou várias críticas nas redes sociais, com um especialista a denunciar a "absurdidade" do projeto. Waziri mostrou os trabalhadores a colocar blocos de granito na base da pirâmide, que fica ao lado da esfinge e das maiores pirâmides de Quéops e Quéfren, em Gizé.
Restauração da pirâmide de Menkaure. O legado egípcio com controvérsia
A pirâmide original estava revestida de granito, mas ao longo do tempo perdeu parte da sua cobertura. A renovação tem agora como objetivo principal restaurar o estilo original da estrutura, reconstruindo a camada de granito.
O trabalho tem a duração prevista de três anos e será “o presente do Egito para o mundo no século XXI”, que lidera a missão Egito-Japão encarregada do projeto.
Sobre este vídeo, dezenas de pessoas indignadas deixaram comentários críticos sobre o trabalho.
“Todas as normas internacionais sobre as renovações proíbem tais intervenções”, acrescentou Hanna, apelando a todos os arqueólogos para “mobilizarem-se imediatamente”.
Outros comentadores reagiram com sarcasmo. "Quando será planeado o projeto para endireitar a Torre de Pisa?" perguntou um. "Em vez de azulejos, por que não colocar papel de parede nas pirâmides?" disse outro.
Debate sobre a preservação do património no Egito alcança grande controvérsia com obras de renovação
A questão da preservação do património no Egipto – que obtém 10% do seu Produto Interno Bruto (PIB) com o turismo - é frequentemente objeto de debate encandecido. A recente destruição de áreas inteiras da área histórica do Cairo levou a mobilizações poderosas da sociedade civil, que está em grande parte proibida de atividade política e agora concentra a maior parte da sua luta com o governo em questões de planeamento urbano e património.
O debate concentrou-se recentemente na mesquita do século XV Abu al-Abbas al-Mursi, na cidade costeira de Alexandria, a segunda maior cidade do Egito.
As autoridades locais anunciaram uma investigação após um empreiteiro encarregado da renovação decidir repintar de branco os tetos ornamentados, esculpidos e coloridos da maior mesquita da cidade.