Resina natural está a revolucionar a indústria alimentar, a moda, as tintas e vernizes, os automóveis e o calçado

Os agentes do projeto RN21 – Inovação na Fileira da Resina Natural para Reforço da Bioeconomia Nacional reuniram em Cantanhede na última semana. Há 26,6 milhões de euros do PRR para aplicar e o CoLAB ForestWISE avisa: “Temos um ano e meio para fazer esta mudança”.

resina
A resina é uma secreção própria das espécies vegetais, mais abundante nas resinosas, expelida quando estas sofrem danos ou feridas nos troncos ou ramos. É um líquido viscoso translúcido e pegajoso, de cor amarela acastanhada e com um cheiro característico.

Cantanhede acolheu na última semana o segundo workshop do projeto RN21 - Inovação na Fileira da Resina Natural para Reforço da Bioeconomia Nacional, organizado pelo CoLAB ForestWISE, Laboratório Colaborativo para a Gestão Integrada da Floresta e do Fogo.

O evento reuniu empresas e profissionais do setor da resina natural para dar a conhecer a forma como esta matéria-prima, extraída principalmente do pinheiro bravo, está a revolucionar diversas indústrias transformadoras no país.

A resina é uma secreção própria das espécies vegetais, mais abundante nas resinosas, expelida quando estas sofrem danos ou feridas nos troncos ou ramos. É um líquido viscoso translucido e pegajoso, de cor amarela acastanhada e com um cheiro característico e tem como função proteger as árvores das agressões do meio, estimulando a cicatrização. É igualmente reguladora do crescimento e, ainda, repelente dos herbívoros.

Em Portugal as principais espécies produtoras de resina com interesse comercial são o pinheiro-bravo (Pinus pinaster) e o pinheiro-manso (Pinus pinea), sendo que a espécie que mais se destaca é o pinheiro-bravo. As principais regiões produtoras e resina em Portugal são o Litoral Centro (distritos de Leiria e Coimbra) e o Interior Norte e Centro (distritos de Viseu e Vila Real).

Resina permite múltiplas utilizações

Da preservação alimentar à moda, à indústria automóvel e ao calçado, são múltiplas as utilizações possíveis a partir da transformação da resina, que já estão a ser implementadas em diversos domínios.

A estação da indústria alimentar “Preservação Natural” é uma delas. No evento de Cantanhede, o projeto esteve representado pela TECMEAT e mostrou aos participantes como a colofónia e os seus derivados obtidos da resina podem revolucionar a sustentabilidade na indústria de embalagens.

A novidade é que a colofónia, sendo um material natural, obtido a partir da primeira transformação da resina, está a ser utilizada para criar embalagens biodegradáveis e filmes protetores com propriedades de barreira melhoradas. Com isso, ajuda-se a preservar a frescura dos alimentos e a reduzir o desperdício alimentar.

resina de pinheiro bravo
Em Portugal as principais espécies produtoras de resina com interesse comercial são o Pinheiro-bravo (Pinus pinaster) e o Pinheiro-manso (Pinus pinea). A espécie que mais se destaca é o pinheiro-bravo. As principais regiões produtoras são o Litoral Centro e o Interior Norte e Centro.

A indústria automóvel também está a inovar à boleia da resina, através do projeto “Inovação sobre rodas”, representada pela SIMOLDES.

A indústria têxtil idem, através do projeto “Tecendo o futuro”, representada pela TINTEX, assim como a indústria do calçado, no âmbito do projeto “Passos sustentáveis”, representada pelo Centro Tecnológico do Calçado de Portugal (CTCP).

Projeto RN21 recebe 26,6 milhões do PRR

O RN21 é um consórcio formado por 37 entidades da cadeia produtiva da resina natural e está sob a liderança do ColabForestWise, que tem como Chief Technology Officer (CTO) Carlos Fonseca.

Carlos Fonseca, Chief Technology Officer (CTO) do CoLAB ForestWISE, lançou, em Cantanhede, um desafio aos participantes: “É essencial que o setor se reorganize para que, no final deste consórcio, exista uma organização que possa assegurar aquilo que são as iniciativas presentes e, cada vez mais, futuras e que estão relacionadas com a resina na Península Ibérica”.

Lembrando os prazos apertados para a execução do financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que está associado ao projeto – 26,6 milhões de euros -, Carlos Fonseca avisou as empresas e demais entidades envolvidas: “Temos cerca de um ano e meio para fazer esta mudança”.

O CoLAB ForestWISE é a entidade que lidera o RN21 e que reúne, pela primeira vez, toda a cadeia de valor do setor da resina natural em Portugal, da floresta ao consumidor final, com enfoque especial nos mercados e nos novos produtos.

Agrega a totalidade das empresas de transformação do setor, entre elas três empresas de primeira transformação, três indústrias de segunda transformação e três com integração vertical da primeira e da segunda transformação.

Este consórcio de investigação e inovação pretende potenciar as grandes possibilidades de aplicação no mercado, fomentando a revitalização de toda a cadeia de valor, com vista à sua modernização, sustentabilidade e incorporação de conhecimento técnico-científico.

A conjugação de investimentos públicos e privados deverão “alavancar a transição ecológica e digital e criar as condições favoráveis à colaboração entre empresas e parceiros de I&D&I”, lê-se na descrição do projeto apresentado ao PRR.

As empresas do consórcio detêm 66% do investimento total do projeto integrado, as instituições de ensino superior e entidades do sistema científico e tecnológico 28% e o restante orçamento encontra-se distribuído por associações do setor.

Neutralidade carbónica e coesão territorial

O consórcio mobilizador RN21 pretende contribuir para a resiliência económica e a promoção da bioeconomia sustentável em Portugal, através da revitalização da fileira da resina natural.

Com isso, o setor trabalha com vista à “neutralidade carbónica e a uma floresta portuguesa mais produtiva e resiliente” e à “coesão territorial, em particular onde se encontram as principais áreas de pinhal resinadas e a maioria do tecido empresarial do setor”. Visa ainda o “reforço da aposta na ciência e na tecnologia, através das atividades de investigação e de inovação nas empresas em parceria com entidades do sistema científico e tecnológico nacional”.