Relatório Global de Energias Renováveis de 2021: 5 conclusões
O relatório mostra um fosso alarmante entre metas e ações em quinze países do G20 referentes a 2020. A REN21 apela a que todas as atividades económicas incorporem um indicador-chave de desempenho para colmatar este fosso. Saiba mais aqui!
As conclusões do relatório não dão margem para dúvidas, uma vez que são provenientes de centenas de contribuintes da indústria, ONG's, governos e universidades de todo o mundo. Além disso, os capítulos passam por duas rondas de revisão pública, levando às centenas de contribuições reconhecidas nas primeiras páginas do relatório.
O processo robusto de produção do RSG (Relatório Sobre a situação Global) resulta numa importância acrescida para o globo devido às suas conclusões. Deixamos algumas abaixo.
Cinco conclusões tiradas do RSG
1- Embora a utilização de energia renovável tenha aumentado, esta continua a ser “abafada” pelos combustíveis fósseis que continuam a ser uma fonte de energia dominante para o mundo. As energias renováveis cresceram quase 5% por ano, entre 2009 e 2019, ultrapassando os combustíveis fósseis (1,7%). Para além disso, as energias renováveis estabeleceram outro recorde de capacidade instalada de energia em 2020, o que significa que agora produzimos cerca de 29% da nossa energia a partir de energias renováveis. Por outro lado, o mundo está a queimar mais combustíveis fósseis do que nunca.
2- Os pacotes de recuperação investem na economia dos combustíveis fósseis, apesar das vantagens das energias renováveis. Em vez de impulsionar a transformação, os pacotes de recuperação proporcionam seis vezes mais investimento em combustíveis fósseis do que em energias renováveis. O relatório deste ano levanta uma questão fundamental: o que está a impedir o mundo de utilizar a crise da COVID-19 como uma oportunidade de transformação? O Dr. Stephan Singer, Conselheiro da CAN International afirmou que, infelizmente, os governos continuam a dar mais valor à economia do que à sociedade e ao clima.
3- Pela primeira vez, o número de países com políticas de apoio às energias renováveis não aumentou. As metas de energias renováveis definem o rumo, mas são necessárias políticas para garantir que chegamos ao destino. Os objetivos, muitas vezes, não são alcançados porque os quadros políticos prevalecentes são ineficazes. 2020, o ano das novas normas, destacou a inação entre os decisores políticos mundiais e a falta de medidas concretas para descarbonizar as suas economias. As metas têm de ser apoiadas por políticas que apoiem a adoção de energias renováveis, incentivando e/ou mandatando a sua utilização. Mas isto não é suficiente - os governos também precisam de eliminar ativamente a utilização de combustíveis fósseis e os subsídios aos combustíveis fósseis.
4- A mudança para as energias renováveis não só é necessária e possível, como também faz sentido do ponto de vista empresarial. Os combustíveis fósseis são, em parte, responsáveis pelas alterações climáticas e contribuem fortemente para a perda e poluição da biodiversidade. Passar dos combustíveis fósseis para as energias renováveis é um passo necessário a dar. Atualmente, quase todas as novas capacidades de energia são renováveis. Mais de 256 GW foram adicionados globalmente em 2020 - ultrapassando o recorde anterior em quase 30%. Em cada vez mais regiões, incluindo partes da China, da UE, da Índia e dos Estados Unidos, é agora mais barato construir novas centrais eólicas ou solares fotovoltaicas do que operar as centrais elétricas a carvão existentes.
5- O progresso mundial no sentido da neutralidade climática pode ser acompanhado com um simples indicador-chave de desempenho: as energias renováveis. O relatório da REN21 de 2021 mostra claramente que os governos precisam de dar um impulso muito mais forte às energias renováveis em todos os setores. A janela de oportunidade está a fechar-se, a menos que os esforços sejam significativamente intensificados. Considerando a urgência de acelerar a mudança estrutural dos combustíveis fósseis para as energias renováveis em todas as atividades sociais e económicas, já não é suficiente seguir as metas, políticas e investimentos em energias renováveis. O progresso do mundo em direção aos objetivos globais do clima e desenvolvimento sustentável pode ser medido por um simples indicador-chave de desempenho: a quota de energias renováveis.