Reino Unido recua nos compromissos climáticos: oportunismo político ou uma necessidade?
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, está inscrito numa tempestade política após a sua decisão de adiar compromissos climáticos no Reino Unido. Este movimento levanta algumas questões sobre o equilíbrio entre objetivos ambientais e interesses eleitorais.
Rishi Sunak dá marcha atrás nos compromissos para a redução dos gases com efeito de estufa no Reino Unido e desencadeia uma onda de críticas. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, está, de facto, inserido numa crescente onda de controvérsia após a sua decisão de reduzir alguns dos compromissos-chave do governo para enfrentar as mudanças climáticas.
O movimento, que inclui possíveis atrasos na proibição da venda de novos carros a gasolina e diesel, bem como na eliminação gradual das caldeiras a gás, está a causar preocupações, tanto ao nível nacional, como internacional.
Alívio das metas de redução de CO2 no Reino Unido
O Reino Unido, até há poucos anos, era considerado líder na procura de políticas de emissão zero e na redução das emissões de gases com efeito estufa. O objetivo do governo era alcançar emissões líquidas de carbono zero até 2050, alinhando-se com os compromissos do Acordo de Paris e os esforços globais para enfrentar as mudanças climáticas.
No entanto, a recente alteração no rumo do governo origina questões sobre o compromisso contínuo do Reino Unido com estas metas ambientais. Fruto de uma reviravolta política do Partido Conservador, Rishi Sunak planeia adiar a proibição de venda de novos carros a gasolina e diesel, originalmente programada para 2030, estimando-se que o prazo possa estender-se até 2035.
Neste momento, encontram-se outros compromissos em cheque. As propostas que visavam melhorar a eficiência energética das habitações, incluindo possíveis multas para proprietários que não realizassem melhorias específicas, encontram-se neste momento a ser abandonadas. Além disso, a proibição de caldeiras a óleo off-grid, originalmente prevista para 2026, também poderá ser adiada até 2035, com uma meta de eliminação de apenas 80% nesta data.
Em resposta a estas alterações, Rishi Sunak argumenta que o Reino Unido já fez progressos significativos na luta contra as mudanças climáticas e que outras nações precisam de assumir mais responsabilidades. O primeiro-ministro britânico considera que estas medidas visam equilibrar os objetivos ambientais com as preocupações económicas e sociais do país. Esta decisão é tomada em nome do alívio aos custos que a transição energética, a curto e médio prazo, poderá ter para os cidadãos.
Condenações e críticas alimentadas pela oposição à governação de Sunak
No entanto, as críticas não têm demorado a surgir. O ex-primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, agora membro da oposição, juntou-se às vozes condenatórias, ao sentenciar a decisão de Rishi Sunak e afirmando, inclusive, a colocação dos interesses eleitorais à frente do compromisso ambiental. Johnson argumenta, aliás, que a liderança do Reino Unido num contexto de mudanças climáticas está em risco devido a esta reversão de políticas.
O secretário de negócios da oposição, Jonathan Reynolds, classificou a decisão como "um completo absurdo" e afirmou que o governo se encontra a tomar decisões de curto prazo que poderão ameaçar empregos e futuros investimentos. Também expressou preocupação com a falta de seriedade na tomada de decisões de longo prazo que exigem investimentos substanciais e podem afetar a própria criação de empregos.
Os membros do Partido Conservador, que até recentemente lideravam a agenda ambiental do Reino Unido, também estão a criticar as posições tomadas. Chris Skidmore, ex-ministro do setor energético e responsável pela revisão de emissões zero, argumenta que enfraquecer as políticas verdes custará ao Reino Unido milhares de empregos, investimentos e crescimento económico futuro.
Além das críticas nacionais, a decisão de Rishi Sunak também está a ser criticada a nível internacional. O Reino Unido foi visto como um exemplo a ser seguido em matéria de ação climática, mas a reversão das políticas levanta dúvidas sobre a liderança contínua do país. Vários países estão a observar de perto as ações do Reino Unido e a sua influência nas negociações internacionais.
De facto, a crise climática é um desafio internacional que exige uma ação decisiva por parte de todos. A decisão de Rishi Sunak de enfraquecer os compromissos climáticos do Reino Unido está a conceber debates inflamados sobre o equilíbrio entre os interesses económicos e ambientais, que poderão acarretar acérrimos debates na agenda internacional e um agravamento da contestação às políticas com índole climática.