Região Demarcada do Douro deixou 237 parcelas e 117,4 hectares de vinha por vindimar este ano
O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto revelou esta semana que, dos 250 mil hectares que integram a Região Demarcada do Douro, houve 237 parcelas e 117,4 hectares de vinha (0,29%) não vindimados este ano.
O Conselho Interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) e o Conselho Diretivo do mesmo Instituto tinham decidido solicitar informação aos agricultores da Região Demarcada do Douro (RDD) sobre a percentagem de uvas por vindimar este ano.
Isto, porque, antes da vindima, havia “120 milhões de litros de vinho a mais nas adegas cooperativas e privadas (quase um quinto da produção nacional)” e muitos viticultores, por essa razão, optaram por não colher as uvas.
A situação vivida em 2024 na Região Demarcada do Douro (RDD) é “caracterizada por um excesso de produção em relação à procura”, pelo que se “considera fundamental obter um conhecimento detalhado desta campanha”. Essa monitorização, segundo o IVDP, permitiria, portanto, “compreender a dimensão do problema e preparar, no futuro, eventuais formas de apoio aos agricultores”.
Região Demarcada do Douro: 250 mil hectares
A Região Demarcada do Douro estende-se ao longo do Rio Douro e seus afluentes, numa extensão de cerca de 250 mil hectares entre Barqueiros e Barca d'Alva. Esta região tem origem na delimitação territorial de 1756, data da primeira demarcação das Vinhas do Alto Douro, que definiu, mundialmente, o primeiro modelo institucional de organização de uma região vinícola.
Originalmente estabelecida para regular a produção do vinho fortificado a que chamamos de vinho do Porto, hoje a Região Demarcada do Douro circunscreve a Denominação de Origem Controlada dos vinhos do Porto e Douro.
“A produção de vinho neste território [Douro] é uma lição sobre a capacidade e determinação do homem na otimização dos recursos naturais”, lê-se no site na internet do Museu do Douro.
O Museu do Douro fala ainda da “monumentalidade da paisagem do Alto Douro Vinhateiro”, que possui “um reconhecido valor universal”. Em 2001 foi, aliás, inscrita na lista do Património Mundial da Humanidade da UNESCO, numa área que corresponde a uma língua de território de cerca de 24 600 hectares que se estendem ao longo do rio Douro.
A braços com elevados stocks de vinho ainda por escoar de vindimas passadas, o IVDP entendeu, após o pedido expresso dos agricultores, que seria importante comunicar as parcelas de vinha não vindimadas.
IVDP garante “permanente monitorização”
“Os serviços IVDP encontram-se, atualmente, a proceder à inserção e validação dos dados recebidos, através da seleção de parcelas e respetivos controlos com o objetivo de apurar dados definitivos”, revelou o IVDP em comunicado.
O Instituto, que é liderado por Gilberto Igrejas, garante, citado na mesma comunicação, que “o IVDP reafirma o seu compromisso com a permanente monitorização da situação na RDD e a busca de soluções que contribuam para a sustentabilidade do setor vitivinícola”.
O IVDP, é um instituto público integrado na administração indireta do Estado, tutelado pelo Ministério da Agricultura, ao qual cabe a certificação da Denominação de Origem (DOP) Douro e da DOP Porto e da Indicação Geográfica Protegida (IGP) Duriense. Também lhe cabe o controlo, proteção e defesa da Região e das suas diversas categorias de vinho, bem assim como a sua promoção, nacional e internacional.
Por sua vez, a Casa do Douro, inicialmente fundada em 1932 para intervir na regulação do mercado e representar os interesses dos viticultores da Região Demarcada do Douro. Em 2014, foi transformada em entidade com gestão privada e de inscrição facultativa.
Esta instituição tem como principal missão representar e defender os interesses dos vitivinicultores. E, ainda, promover o desenvolvimento técnico da viticultura, prestar assistência técnica e formação profissional.
Eleições a 21 de dezembro
No início de 2024, voltou a ser classificada como associação pública de inscrição obrigatória, com obrigação de os seus associados, singulares, pagarem uma quota anual.
A alteração legislativa foi aprovada no Parlamento a 11 de janeiro, com os votos favoráveis do PS, PCP, BE, PAN, Livre e do deputado social-democrata Artur Soveral de Andrade. O PSD absteve-se e o Chega, IL e o deputado socialista Capoulas Santos votaram contra. O seu edifício-sede fica localizado no Peso da Régua (distrito de Vila Real).
As eleições para os seus órgãos sociais estão agendadas para dia 21 de dezembro e há duas listas candidatas, lideradas, respetivamente, por Rui Paredes e Sérgio Soares.