Refugiados climáticos: habitantes de uma ilha nas Caraíbas são realocados devido ao avanço do mar

1000 pessoas tiveram que sair das suas casas na ilha de Gardi Sugdub por causa do aumento do nível do mar. As autoridades governamentais constroem um conjunto habitacional para abrigar esta comunidade.

    Ilha Caribenha
    Habitantes da ilha foram realocados para o continente devido ao aumento do nível do mar. Fonte: Edu Ponces/Berta Vicente.

    O aquecimento global ameaça ilhas e regiões costeiras ao redor do planeta, e muitos países já se preparam para ter a sua área continental reduzida ou até mesmo desaparecer por completo. As alterações climáticas não estão apenas a provocar a subida do nível do mar, mas também estão a contribuir para o aquecimento dos oceanos e a provocar tempestades mais intensas.

    Durante esta semana, os habitantes de uma ilha remota do Panamá foram orientados a deixarem as suas casas por causa do aumento do nível do mar.

    Habitantes de ilha são "obrigados" a deixarem as suas casas

    Gardi Sugdub é uma ilha pertencente ao Panamá habitada pelo povo indigena Guna, que dependem da atividade piscatória e do turismo. Porém, o povo Guna está ameaçado à medida que o mar avança sobre as casas da população da ilha.

    A ilha Gardi Sugdub é a primeira comunidade do Panamá a ser evacuada, por decisão do governo, e orientada a mudar-se para o continente.

    O governo do Panamá construiu um conjunto habitacional para abrigar a comunidade Guna, a cerca de 1,2 km da costa do país. Ao todo, 1000 pessoas foram realocadas para o conjunto recém construído pelo governo, mas algumas famílias, cerca de 200 pessoas, preferiram ficar na ilha e tiveram que construir casas com dois andares para permanecer na mesma.

    Panamá
    Conjunto habitacional construído pelo governo do Panamá para abrigar os refugiados climáticos. Fonte: Edu Ponces/Berta Vicente.

    Conforme o tempo passa, as famílias da ilha vão crescendo e surge a problemática da sobrelotação, fazendo com que a realocação seja feita o mais rápido possível. De acordo com o Instituto de Pesquisa Tropical Smithsonian, a água do mar nas proximidades da ilha avança 3,4 milímetros por ano, o dobro do registado há 60 anos.

    O povo Guna e outras comunidades situadas nas Caraíbas serão afetados pelo avanço do mar em decorrência do aquecimento global.

    Aumento do nível do mar ameaça deixar ilhas totalmente submersas

    O aumento do nível do mar não acontecerá de maneira uniforme em todo o planeta, e as ilhas menores nos trópicos, como as do arquipélago de Gun Yalam, sofrerão o impacto. Algumas projeções climáticas indicam que dentro de 80 anos, dependendo da altura das ilhas e da taxa de aumento do nível do mar, a maioria das ilhas estarão totalmente submersas.

    Parte da água proveniente do degelo em lugares como a Gronelândia está a causar o aumento no nível do mar, bem como o excesso de calor no oceano, que é responsável pela intensificação das tempestades tropicais.

    A comunidade de Guna está habituada a encontrar os seus próprios meios de proteção. Os moradores extraem corais do oceano e realizam o empilhamento com pedras para construir barreiras entre as suas casas e a água do mar. Estes funcionam apenas por algum tempo.

    Entre os meses de novembro e dezembro, as ruas da comunidade ficam alagadas, e de há alguns anos pra cá, o aquecimento dos oceanos têm aumentado a frequência e a força das tempestades.

    Embora o governo tenha financiado a construção das casas, ainda precisa de resolver problemas como o acesso à água e eletricidade. Além disso, a cidade construída pelo governo não conta com centro de saúde funcional.