Recentes recordes meteorológicos e a mudança climática
2022 foi um ano relevante em relação a condições meteorológicas extremas no globo, durante o qual se bateram alguns recordes meteorológicos.
No último ano tivemos calor extremo em grande parte do hemisfério norte, até uma seca cruel que inflige fome em massa na África Oriental.
Condições extremas e a mudança climática
Os cientistas alertam para o facto do tempo extremo estar a piorar. As situações adversas estão a tornar-se mais intensas e prolongadas. Embora perigos como furacões e incêndios florestais aconteçam naturalmente, a altera��ão do clima está a agravá-los, provocando maior impacto no terreno e na população.
Segundo o professor Tom Oliver, especialista em Ecologia e Biologia evolutiva na Universidade de Reading, os eventos climáticos extremos vão tornar-se "mais frequentes na maioria dos locais do mundo". No entanto, segundo o mesmo especialista, o que é menos conhecido é "a forma como estes eventos interagem uns com os outros e causam efeitos de arrastamento".
Recordes meteorológicos em 2022
Durante o ano de 2022 foram quebrados alguns recordes meteorológicos, dos quais serão mencionados cinco desses recordes.
O calor recorde no Reino Unido
O calor extremo no Reino Unido causou vítimas e perturbações generalizadas nas redes de transporte e centenas de incêndios, que destruíram casas e infra-estruturas. De acordo com a análise do grupo World Weather Attribution (WWA), centenas de pessoas terão morrido durante o tempo abrasador.
Pela primeira vez, as temperaturas subiram para 40 °C no Reino Unido neste verão, um evento tornado dez vezes mais provável pelas alterações climáticas, segundo os cientistas.
Na Europa, a temperatura média foi a mais alta de sempre, tanto em agosto como em média durante todo o verão, de acordo com o Copernicus Climate Change Service.
A seca que se registou na Europa foi a pior desde há 500 anos
As condições de seca extrema tiveram um forte impacto na agricultura, com colheitas devastadas e com rios a secarem totalmente, deixando quantidades enormes de peixes mortos nos leitos. A seca agravou a crise energética ao evaporar a água dos lagos hidroelétricos e ao dificultar o arrefecimento das centrais nucleares.
Fome provocada pela seca na África Oriental
Este ano, a Somália e a Etiópia sofreram o que se pensa ser a pior seca dos últimos 40 anos, alimentada pelas alterações climáticas. Esta seca levou as pessoas à fome e à beira da fome, ameaçando a vida e a subsistência de 36 milhões de pessoas.
O Programa Alimentar Mundial alertou em agosto que os níveis catastróficos de fome em Madagáscar, assolado pela seca, deveriam ser um "toque de despertar" para o atual e grave perigo do aquecimento global.
Incêndios na Europa: o segundo maior de sempre, com a poluição a quebrar novas fronteiras
Incêndios intensos e de grandes proporções em toda a Europa foram alimentados por ondas de calor e seca mais prolongadas e intensas. Foi queimada mais área a seguir aos incêndios de 2017, quando o ciclone Ophelia intensificou um incêndio de outubro em Portugal.
No entanto, a quantidade de poluição nociva provocada pelos incêndios atingiu um novo recorde, com as emissões totais da União Europeia e do Reino Unido de junho a agosto de 2022 consideradas as mais elevadas para estes meses desde o verão de 2007.
Inundações violentas no Paquistão
De meados de junho a finais de agosto, grandes áreas do Paquistão sofreram chuvas associadas às monções que quebraram recordes, provocando inundações devastadoras.
Registaram-se graves deslizamentos de terras, rios e lagos glaciares transbordaram. As inundações afetaram mais de 32 milhões de pessoas, destruíram 1,7 milhões de casas e mataram mais de 1.700 pessoas.