Recente relatório detalha em números os desastres mais marcantes em 2022
O ano de 2022 ficou marcado por um número significativo de eventos disruptivos: mais de 380 desastres, que provocaram perdas económicas, destruição e provocaram significativas e irrecuperáveis perdas humanas. Veja os pormenores aqui!
O Centre for Research on the Epidemiology of Disasters (CRED), juntamente com a Universidade Católica de Louvain (UCLouvain) e a United States Agency for International Development (USAID), publicaram recentemente o relatório anual "Disasters in numbers" para o ano de 2022. Com base nos dados do Banco de Dados de Eventos de Emergência (EM-DAT), este relatório apresenta os impactos dos desastres para aquele ano.
No ano de 2022 deram-se 387 eventos catastróficos, registados pelo EM-DAT, que resultaram na perda de 30 704 vidas humanas, afetando cerca de 185 milhões de pessoas e induzindo perdas económicas no valor de 223,8 bilhões de dólares.
O total de 387 eventos de 2022 é ligeiramente superior à média de 2002 a 2021 (370). A ocorrência de cada tipologia de desastre foi próxima ao níveis médios nas últimas duas décadas.
As cheias predominam (176 eventos, 168 de média nas últimas décadas), seguidas das tempestades (108 eventos, 104 de média no período) e só depois de terramotos (31 eventos, 27 de média entre 2002 a 2021). Apesar disto, foram as ondas de calor que mais mataram (16 416 vítimas) e as secas que mais pessoas afetaram (106.9 milhões).
O continente asiático foi o mais afetado em número de desastres (137). Pouco atrás classificou-se o continente americano (118). O continente africano registou 79 eventos, o continente europeu 43 e a Oceânia 10. A maior proporção de mortes ocorreu no continente europeu (53,4%) e de população afetada, em África (59,6%).
Em 2022, o número total de vítimas mortais foi três vezes superior a 2021 (30 704), mas abaixo da média 2002-2021, que se fixou nos 60 955 óbitos, sendo esta última influenciada por algumas catástrofes, como o terramoto de 2010 no Haiti, que ceifou 222 570 vidas humanas.
As tempestades geraram maiores impactos económicos (131 mil milhões de dólares), sendo que o continente americano foi o que sofreu mais perdas financeiras em todas as tipologias de desastres (155.8 mil milhões de dólares).
Os eventos mais marcantes
O relatório dá destaque a alguns eventos impactantes no último ano, como as ondas de calor na Europa, a seca em vários países africanos, com especial incidência no Uganda, as cheias no Paquistão, entre outros.
As ondas de calor na Europa, pelo menos cinco, e que fizeram as temperaturas ultrapassar os 47 ºC em vários países, causaram a morte a 16 305 indivíduos, representando mais da metade do número total de mortes registados em 2022.
A fome induzida pela seca no Uganda causou 2 465 mortes, tornando-se o segundo desastre mais mortal em 2022, após as ondas de calor europeias. Além disso, as secas afetaram 88,9 milhões de pessoas em seis países africanos (República Democrática do Congo, Etiópia, Nigéria, Sudão, Níger e Burkina Faso).
Eventos de seca também ocorreram na China (onde 6,1 milhões de pessoas foram afetadas, custando danos no valor de 7,6 mil milhões de dólares), nos Estados Unidos da América (22 mil milhões de dólares) e no Brasil ( 4 mil milhões de dólares).
O ano foi marcado por três grandes tempestades, duas delas ocorridas nas Filipinas: a tempestade tropical Megi em abril (346 mortes ) e a tempestade tropical Nalgae em outubro (3,3 milhões de pessoas afetadas). O furacão Ian que atingiu os Estados Unidos da América e causou prejuízos de 100 mil milhões de dólares, foi o desastre mais caro de 2022.
Quanto aos terramotos, três eventos destacaram-se no ano passado, com dois deles classificados entre os dez desastres mais mortais: o terramoto no sudeste do Afeganistão em junho (1 036 fatalidades) e o terramoto na Indonésia em novembro (334 vidas perdidas). O terramoto de Fukushima, Japão, resultou em danos de cerca de 8,8 mil milhões de dólares, tornando-se o evento com o quarto maior impacto económico.