Queimada Grande e as suas serpentes, o lugar mais perigoso do mundo?
Parece uma ilhota inofensiva vista de fora, mas Queimada Grande é o lar de umas serpentes extremamente venenosas. Porque vivem lá? Quem pode entrar? Contamos-lhe aqui!
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Queimada Grande é uma ilhota que se situa no Oceano Atlântico, a cerca de 35 quilómetros da costa de Peruíbe (São Paulo, Brasil). O seu tamanho ronda os 43 hectares, muito semelhante à extensão do Vaticano, embora com muito menos turismo devido à terrível surpresa que esta ilha esconde.
De longe, parece uma ilhota muito vulgar. Sem longas praias de areia branca e falésias íngremes, embora possua bastante vegetação na área mais elevada. No entanto, os poucos aventureiros que se aproximam são recebidos com um cartaz que avisa que é proibido desembarcar porque é um dos lugares mais perigosos do mundo.
O lar de uma serpente com um veneno que pode ser mortal para o ser humano
Queimada Grande é mais conhecida como a "ilha das serpentes", já que nela habita a Bothrops insularis, uma víbora popularmente conhecida como "cabeça de lança dourada", e que costuma alcançar 70 centímetros, embora se saiba que alguns espécimes superam 1 metro. O seu veneno é extremamente perigoso para o ser humano, provocando necrose, hemorragias e insuficiência renal, entre outras coisas. Além disso, podem rastejar pelos troncos das árvores.
Queimada Grande es un islote que se encuentra a unos 35 kilómetros de las costas paulistas. Desde fuera no parece gran cosa, pero se trata de unos lugares más peligrosos del mundo por las serpientes que habitan en ella. pic.twitter.com/h7FQzx23lj
— Samuel Biener (@samuel_biener) January 22, 2022
A Bothrops insularis é uma espécie endémica de Queimada Grande, livre de predadores naturais. Curiosamente, as que habitam a ilhota são muito mais perigosas do que as que são encontradas no continente, já que há cerca de 11.000 anos atrás este ilhota ficou separada da terra devido à subida do nível do mar, pelo que tiveram de evoluir para sobreviver, desenvolvendo um veneno muito mais potente. Precisamente por isto, as Bothrops insularis caçam e alimentam-se de aves migratórias de grande dimensão.
Por cada metro que avançar, verá pelo menos uma serpente
Além disso, é impossível não se cruzar com elas. Um estudo realizado por ecologistas da Universidade de São Paulo salienta que mais de 2.000 serpentes habitam a ilha, o que seria cerca de 55 serpentes por hectare, embora haja estimativas que salientam que é possível encontrar uma serpente... por cada m²!
Cada vez mais ameaçadas pelos caçadores furtivos
Embora o governo brasileiro tenha proibido qualquer pessoa de entrar na ilha, os caçadores furtivos aventuram-se a desembarcar para caçar estes espécimes, cujo valor de mercado ronda os 30.000 dólares, para não mencionar o facto de que o seu potente veneno é muito cobiçado pela indústria farmacêutica. Isto poderia explicar o declínio da população de serpentes observado nos últimos anos.
Atualmente continua a ser muito complicado para os investigadores, exploradores e turistas entrar na "ilha das serpentes", e além disso os pescadores alimentam lendas e histórias terríveis para afugentar os curiosos. O que é evidente é que Queimada Grande é um dos lugares mais perigosos do mundo.