Próxima madrugada traz o pico da chuva de estrelas Quadrântidas: não perca!
A chuva de meteoros das Quadrântidas é a primeira do ano no hemisfério norte. É visível entre 28 de dezembro e 12 de janeiro, e em 2023, a taxa máxima de atividade ocorrerá já na próxima quarta-feira, 4 de janeiro. Saiba como e quando é a melhor altura para as observar!
Comecemos por conhecer alguma das características do “B.I.” (Bilhete de Identidade) daquela que é a primeira chuva de meteoros do ano no hemisfério norte. A “chuva de estrelas” das Quadrântidas pode chegar a atingir uma taxa de atividade de mais de 120 meteoros por hora e uma velocidade de 41 quilómetros por segundo, o que a torna uma das chuvas de meteoros mais ativas, juntamente com as Perseidas em agosto e as Gemínidas em dezembro.
Saliente-se, contudo, que as Quadrântidas não são observadas tão frequentemente, em comparação com as outras duas chuvas de meteoros acima mencionadas, pura e simplesmente porque na maior parte das vezes dura apenas algumas horas. Além disso, ocorre quando é inverno no hemisfério norte, e, no geral, as condições meteorológicas não são as mais propícias para a sua contemplação noturna. À nossa latitude, 38° norte, o radiante das Quadrântidas, está, em geral, acima do horizonte desde o anoitecer até ao amanhecer.
Possível origem das Quadrântidas
A fonte que produziu a chuva de meteoros das Quadrântidas, permanece até aos dias de hoje, incerta. A comunidade científica alega que o asteroide descoberto em 2003, o 2003 EH1, possa ser a origem desta “chuva de estrelas”. Pensa-se que o dito asteroide tem algum tipo de conexão com o cometa que acabou por se extinguir – o C1490 Y1 -, observado por astrónomos naturais da China, do Japão e da Coreia há cerca de meio milénio.
Como já é hábito todos os anos por estas datas, a Terra atravessa um anel povoado de fragmentos que se desprenderam do asteroide 2003 EH1. No instante em que um destes fragmentos alcança a atmosfera terrestre, é calcinado por fricção com o ar, originando o brilho e rasto luminoso que tão bem conhecemos como meteoro ou estrela cadente.
A chuva de meteoros correspondente parece ter um único centro de origem, um ponto do qual todas as estrelas cadentes parecem emergir. O ponto, chamado de "radiante", bem como a sua localização, serve para dar nome à chuva de estrelas. O local de onde as Quadrântidas parecem emergir é a norte da constelação de Boötes (o Boieiro), próximo à cauda da Ursa Maior.
A designação Quadrântidas foi atribuída pelo astrónomo francês Jerome Lalande no final do século XVIII (1795) e vem da constelação Quadrans Muralis. Todavia, na atualidade, esta constelação já não é reconhecida pelos astrónomos, a partir do momento (1922) em que a União Astronómica Internacional a ocultou da lista de constelações oficialmente reconhecidas.
Em 2023, o que esperar?
Este ano de 2023 não será o ideal para a observação das Quadrântidas, dado que a taxa máxima de atividade acontecerá três dias antes da Lua Cheia (que será a 7 de janeiro). A atividade máxima da chuva de meteoros das Quadrântidas está prevista para as primeiras horas de quarta-feira, 4 de janeiro.
A Lua crescente, três dias antes da Lua cheia, iluminará o céu durante a maior parte da noite, deixando débeis condições de visibilidade do fenómeno. Assim, não resta melhor altura para a sua contemplação do que as horas mais próximas do amanhecer, quando o radiante estiver mais elevado no céu e a Lua estiver a desaparecer ao longo do horizonte.
Por último, destaque para as dicas que poderão “potenciar” as condições de observação a olho nu de um fenómeno que se espera ter fraca visibilidade no céu noturno: o local de observação escolhido pode ser qualquer um, desde que o céu esteja escuro, sem qualquer tipo de poluição luminosa em redor. Dê preferência a um local que não possua obstáculos ao seu campo de visão (edifícios, árvores ou montanhas, entre outros). As Quadrântidas aparentam vir da Constelação de Boötes, mas podem ser vistas em qualquer ponto do céu.
Olhe as áreas mais escuras do firmamento, na direção oposta à Lua. Uma das melhores formas para uma confortável observação é deitar-se e deixar que os seus olhos se habituem à escuridão. Como estamos no inverno, é recomendável que se vista adequadamente, com uma boa dose de agasalhos para suportar o frio e as baixas temperaturas noturnas.