Proibição de combustível poluente entra em vigor no Ártico, mas lacunas preocupam os ambientalistas
Um marco para a proteção do Ártico foi alcançado no dia 1 de julho de 2024 com a proibição do uso de fuelóleo pesado (HFO) na região. No entanto, a presença de lacunas na regulamentação gera preocupação.
Um marco para a proteção do frágil ecossistema do Ártico foi alcançado no dia de ontem, com a entrada em vigor da proibição do uso do fuelóleo pesado (HFO) – o combustível mais sujo e prejudicial para o clima usado pelos navios, que resulta de uma fração obtida da destilação do petróleo.
Proibição do HFO no Ártico: um passo importante, mas com brechas preocupantes
Amplamente utilizado no transporte marítimo mundial, especialmente em navios-tanque, o HFO é um óleo viscoso e barato derivado dos resíduos da refinação de petróleo. Porém, a sua utilização liberta grandes quantidades de Gases com Efeito de Estufa (GEE) e, particularmente preocupante no Ártico, emite partículas de carbono negro que aceleram o descongelamento da neve e do gelo.
Esta proibição, celebrada por ambientalistas, é vista como um passo importante. No entanto, preocupa a existência de uma série de brechas que podem limitar o seu impacte.
A regulamentação permite que navios equipados com “tanques de combustível protegidos” sejam isentos da proibição. Além disso, os países banhados pelo Oceano Ártico podem optar por não aplicar a restrição aos navios nas suas águas territoriais.
A Rússia, importante player na região com mais de 800 navios a operar nas águas do norte, já anunciou que não implementará a nova regulamentação da Organização Marítima Internacional (OMI).
Estas isenções persistirão até 2029, o que pode significar uma redução pouco significativa no uso do HFO. De acordo com o Conselho Internacional de Transporte Limpo, 74% dos navios que atualmente utilizam o combustível poderão continuar a fazê-lo.
Entre falhas e a esperança de um futuro verde no combate ao carbono negro no Ártico
Apesar das lacunas identificadas, os ambientalistas defendem a existência de alternativas viáveis e apelam para que a indústria naval e os países do Ártico levem a proibição a sério.
A Noruega surge como exemplo a ser seguido. O governo norueguês já implementou uma proibição rigorosa do HFO no arquipélago de Svalbard. Recentemente, um navio irlandês que violou a restrição na região foi multado num milhão de coroas norueguesas (aproximadamente 88 mil euros).
Esta medida, apesar de tardia e com algumas lacunas, representa um importante passo para a proteção do delicado ecossistema do Ártico e para a mitigação perante as alterações climáticas. A fiscalização rigorosa e o desenvolvimento de alternativas viáveis serão fundamentais para garantir a efetividade da proibição e um futuro mais promissor para esta região do planeta.