Programa TalentA premeia as mulheres das zonas rurais. Candidaturas terminam a 31 de janeiro

O TalentA, uma iniciativa da Corteva Agriscience e da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) que apoia o empreendedorismo das mulheres nas zonas rurais, está na reta final. As candidaturas terminam a 31 de janeiro.

mulher na agricultura
O programa TalentA é uma iniciativa da Corteva Agriscience e da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que visa apoiar o talento e o empreendedorismo das mulheres nas zonas rurais.

O programa TalentA que, em Portugal, já vai na quinta edição, foi criado em 2020 com o objetivo de apoiar e dar visibilidade ao talento e ao empreendedorismo das mulheres que exercem a atividade nas zonas rurais.

A mulher vencedora de cada edição anual arrecada um prémio monetário no valor de 5000 euros e, em paralelo, ganha acesso a aconselhamento profissional e a formação técnica na área agrícola para desenvolver e projetar ainda mais o seu negócio.

O programa TalentA está presente em nove países do mundo e foi apresentado como um caso de sucesso no Parlamento Europeu, com o objetivo de defender os interesses das mulheres rurais na União Europeia (UE). Portugal é um dos países aderentes.

A iniciativa de criação deste prémio em Portugal é da Corteva Agriscience, uma empresa tecnológica na área das sementes, proteção das culturas e agricultura digital, e da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que agrega cerca de 250 organizações de todo o país e é atualmente liderada por Álvaro Mendonça e Moura.

Reserva do Vale Velho ganhou em 2023

Abertas as candidaturas à edição de 2024 a meados de outubro do ano passado, os principais critérios de avaliação dos projetos agrícolas candidatos ao TalentA são a luta contra o despovoamento, o impacto ambiental, económico e social na zona onde se desenvolve ou a inovação e a transformação digital.

A Corteva revela, em comunicado, que este programa, que já foi replicado noutros países onde esta empresa tecnológica está presente, “já capacitou mais de 1200 mulheres de nove nacionalidades”. Em Portugal, desde 2020, o programa já premiou 12 mulheres empreendedoras rurais.

Ana Teresa Matos, responsável pela Reserva do Vale Velho e que venceu a edição de 2023 do TalentA, fala do prémio na primeira pessoa.

mulheres agrícultoras
O programa TalentA está presente em nove países do mundo e foi apresentado como um caso de sucesso no Parlamento Europeu, com o objetivo de defender os interesses das mulheres rurais na UE.

Graças ao Programa TalentA consegui comprar o primeiro trator da minha exploração. Será um fator essencial à rentabilização e melhoria do estado produtivo das terras agrícolas, assim como para defesa contra incêndios, pelo que estou muito grata”, disse a empresária agrícola no dia 8 de março de 2024, citada pela organização do TalentA.

O projeto Reserva do Vale Velho tinha na sua génese a “reflorestação de espécies nativas, pela prática de agricultura sustentável, pela preservação da cultural local, e por ter conseguido harmonizar o convívio entre pessoas e natureza” na sua exploração. Estas características foram decisivas para convencer o júri.

Ainda na edição de 2023, a empreendedora rural Diana Costa recebeu um dos prémios de finalista, com a sua “Quinta da Mourisca”. Trata-se de um projeto familiar do Alendouro, que visa revitalizar a região combinando tradição e inovação na produção de alimentos biológicos.

Por sua vez, Diana Rego ganhou também o prémio de finalista em 2023 pelo seu projeto “Criatura”. Em causa está um projeto local que trabalha diretamente com pequenos agricultores, transformando excedentes de plantas aromáticas e frutas em produtos inovadores.

Mulheres em minoria na agricultura

As mulheres sempre estiveram em minoria na agricultura. Dados do Ministério da Agricultura e Pescas revelados em outubro do ano passado para assinalar o Dia Internacional das Mulheres Rurais (15 de outubro), mostravam que apenas 33% das mulheres em Portugal lideram projetos agrícolas e pecuários. E, como agravante, ainda são vítimas de uma assimetria salarial de -7,8% face aos homens que se dedicam à mesma atividade.

Num estudo publicado em 2023, Isabel Escada Mendes, chefe de divisão de Metodologia e Análise de Informação do GPP - Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral do Ministério da Agricultura, revelava que, “em tempos recentes, tem vindo a ser notório o crescente reconhecimento do papel das mulheres nos mais variados setores de atividade”.


A investigadora afirmava “as mulheres do mundo rural foram, ao longo dos anos, deixando de ser apenas filhas ou esposas dos proprietários de terra para passarem a ter um papel mais independente, tornando-se elas próprias produtoras, técnicas especialistas em agronomia e dirigentes agropecuárias”. E mais. Elas “têm desempenhado desde sempre um papel fundamental, embora nem sempre evidenciado”.

Agricultura
Dados do Ministério da Agricultura e Pescas mostram que apenas 33% das mulheres em Portugal lideram projetos agrícolas e pecuários.

Os dados apurados por Isabel Escada Mendes davam conta de que, “entre 1989 e 2019, houve um acréscimo significativo de mulheres com formação superior, passando de cerca de 1% para 13%”. Isto, embora “destas, apenas 1% possuía instrução superior na área agrícola”. Em todo o caso, diz esta técnica do GPP, “em 1989, 45% da população com formação superior eram mulheres e, em 2019, esse rácio passou a ser 55%”.

Premiar o mérito feminino

Ora, o programa TalentA nasceu, justamente, para premiar o mérito feminino no empreendedorismo agrícola e para ajudar à sua formação, aconselhamento e visibilidade pública.

Para participar na quinta edição (2024), as interessadas podem apresentar as suas candidaturas através da página www.programatalenta.pt ou esclarecer as suas dúvidas através do email: [email protected].

O prazo termina no próximo dia 31 de janeiro e o anúncio dos projetos premiados será feito, como habitualmente, no dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher.