Produção de cereais na UE27 em 2024/25 cai 7% face à média dos últimos cinco anos
A produção de cereais na UE é a mais baixa da última década e a produção de oleaginosas na Europa está a diminuir, alerta a Comissão Europeia. Para 2024/25 a campanha deverá ficar em 260,9 milhões de toneladas, menos 3% face a 2023.
Há 10 anos, na campanha cerealífera na União Europeia (UE) de 2013/2014, a produção de cereais foi estável e atingiu as 286,6 milhões de toneladas no final de junho, apesar das condições meteorológicas adversas observadas naquele ano agrícola.
Volvida uma década, a produção de cereais da União não para de regredir. Na campanha de 2024/25, a colheita está estimada em apenas 260,9 milhões de toneladas, cerca de 7% abaixo da média - 283 milhões de toneladas - dos últimos cinco anos e 3% abaixo da campanha do ano anterior.
As causas principais são as condições meteorológicas adversas em vários países da Europa, diz a Comissão Europeia, mas este cenário afeta os rendimentos dos agricultores e a qualidade dos grãos colhidos. A área cultivada diminuiu e está 4% abaixo da média do último quinquénio.
De todas as culturas cerealíferas na UE27, o trigo mole e o milho são os mais afetados por esta redução da produção em 2024/2025. A produção de aveia, cevada e trigo duro, essa, até aumentará este ano, de acordo com as estimativas da Comissão Europeia.
As consequências são óbvias. Apesar de a procura interna de alimentos para animais se manter estável, com uma ampla disponibilidade de trigo para alimentação animal na União, o abastecimento do mercado interno fica mais deficitário e esta redução da produção de cereais na UE27 pode resultar numa diminuição das exportações de cereais para fora do espaço europeu.
As vendas de cereais da UE para o exterior estão já 13% abaixo da média dos últimos cinco anos e, olhando para as importações, essas estão a aumentar. Os registos estatísticos da Comissão Europeia mostram que se situam já “7,5% acima da média” do último quinquénio.
Oleaginosas em queda
Nesta campanha 2024/2025, a produção de oleaginosas (colza, sementes de girassol, abóbora, linho e outras e frutos secos como as nozes, castanhas e amêndoas) em território da UE também estará em queda. Em volume, deverão ser colhidas 29,7 milhões de toneladas, mas isso significará uma diminuição de 8% face à campanha agrícola anterior.
A redução da área cultivada de colza e as condições meteorológicas adversas que estão a afetar as sementes de girassol justificam estas quebras.
Em contrapartida, a produção de soja deverá aumentar, diz a Comissão Europeia, refletindo um aumento da área cultivada (+11%, em termos homólogos).
Em todo o caso, “a balança comercial de sementes oleaginosas da UE continua negativa, enquanto as importações de farinhas de oleaginosas da UE são de -5% em termos anuais”, refere a Comissão.
Proteaginosas aumentam 12,6%
Por seu lado, a produção de proteaginosas, essa, “aumenta 12,6% em termos homólogos”, impulsionada pelo crescimento das produções de ervilhas e favas.
No mesmo documento, a Copa-Cogeca referia que, “globalmente, isto coloca 2024 abaixo de 2023 (que já foi um ano mau), mas também muito abaixo da média trimestral da produção de cereais dos últimos 5 anos (-8,4%)”.
Considerando esta previsão “preocupante”, os peritos responsáveis por este relatório publicado em julho temiam que a situação pudesse “piorar nas próximas semanas e meses, devido aos complicados acontecimentos climáticos e à impossibilidade de trabalhar nos campos". Condições climáticas essas que levariam a atrasos nas sementeiras em muitas zonas, com consequências para os rendimentos dos agricultores.
Portugal com "aumentos generalizados"
Em contraciclo com a União Europeia, em Portugal a colheita dos cereais de outono/inverno registou “aumentos generalizados de produtividade, em resultado das condições meteorológicas favoráveis registadas ao longo de todo o ciclo vegetativo”, de acordo com o Boletim Mensal da Agricultura e Pescas do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicado em agosto último.
Ainda assim, “a área de milho para grão de regadio deverá ser inferior à semeada em 2023 (-15%)”, diz o INE, em resultado da “descida do preço desta commodity”, que “desincentiva a sua instalação” em Portugal.