Produção de carvão na China atinge recorde diário em novembro, depois do pico estabelecido no início de 2023
Os dados divulgados na segunda-feira pelo instituto de estatística chinês mostram que a produção de carvão atingiu um recorde diário em novembro naquele país, colocando a maior indústria de carvão do mundo a caminho de outro ano recorde.
A produção de todos os tipos de carvão no gigante asiático atingiu as 427,98 milhões de toneladas, um aumento de 3,9% em relação a outubro, de acordo com o últimos dados do instituto nacional de estatística chinês, publicados na última segunda-feira (16).
A produção total no mês passado atingiu um nível histórico, já que os principais extratores nas principais regiões produtoras de carvão extraíram mais deste combustível fóssil para acompanhar o ritmo da crescente procura por carvão, uma matéria-prima muito procurada no inverno, que já se começou a instalar no país e cujo aumento foi incentivado pelo regulador de ativos estatais chinês.
A produção no mês de novembro catapultou o resultado global dos onze meses de 2024 para aproximadamente 4,32 mil milhões de toneladas de carvão, um aumento de 1,2% em relação ao mesmo período do ano passado, mostram os dados.
A crescente procura por energia termoelétrica, com o frio a varrer grande parte das regiões do norte do país no mês passado, justifica, em parte, este resultado histórico. A elevada procura levou as concessionárias de energia chinesas a começar a reservar stocks desta matéria-prima como forma de preparação para quaisquer picos de procura que possam vir a ocorrer durante o prolongado inverno chinês.
A geração de energia termoelétrica, principalmente através da queima de carvão, atingiu os 517,5 mil milhões de kWh (quilowatt-hora) em novembro, um salto de 8,5% em comparação com outubro e de 1,4% em relação ao ano anterior.
Em contraste, os baixos níveis de reservas de água nas albufeiras do sul do país fizeram com que a geração de energia hidroelétrica caísse 21,5% em novembro para 82,3 mil milhões de kWh, o que representa uma diminuição de 1,9% em relação a outubro do ano passado, revelam os dados.
Consumo global de carvão deve atingir recorde histórico em 2024
A China é o maior consumidor mundial de carvão e responsável por mais de um terço do uso global deste combustível fóssil. A expectativa da Agência Internacional de Energia (AIE) é de que o gigante asiático termine o ano com uma procura global de 4,9 mil milhões de toneladas de carvão.
Economias emergentes como a Índia e Indonésia também contribuem largamente para o aumento no uso de carvão, compensando as quedas registadas nas principais economias globais, como a União Europeia e os Estados Unidos da América.
A Ásia continua a dominar o comércio global de carvão, com países como a Turquia a superar a União Europeia em volumes de importação, enquanto diminui a dependência da Europa em carvão.
Agência Internacional de Energia mostra preocupações com a crescente procura
A AIE divulgou esta quarta-feira (18) um relatório onde projeta a procura de carvão para o global de 2024. O consumo global de carvão deve atingir nível recorde em 2024, apesar dos apelos contínuos para a eliminação gradual deste combustível fóssil altamente poluente.
O relatório Coal 2024 da AIE projeta que a procura por carvão deva ultrapassar as 8,9 bilhões de toneladas este ano, marcando um terceiro recorde anual consecutivo, devendo atingir o pico em 2027.
No ano passado, a AIE previu que o consumo de carvão havia atingido o pico em 2023. Contudo, essa estimativa foi revista e a entidade passou a prever o ponto alto do uso de carvão para 2027, com base nos padrões de consumo futuros da China.
A expectativa de um novo recorde surge num ano que está muito perto de ser o mais quente da história desde que há registos, de acordo com o sistema Copernicus da União Europeia.
A comunidade científica tem alertado para a necessidade urgente de reduzir drasticamente as emissões dos gases causadores do efeito estufa por forma a conter as alterações climáticas e evitar consequências catastróficas para o planeta e para aqueles que o habitam.