Portugal viveu onda de calor em janeiro. A maior desde há 83 anos

Janeiro começou com temperaturas baixas, inferiores aos valores normais para o mês, mas, para o final do referido mês, as temperaturas subiram muito acima da média para esta altura do ano.

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Este ano, em janeiro, registaram-se dias de calor acima da média em Portugal Continental.

Regiões do Norte e Centro do Continente sentiram a mais significativa onda de calor no primeiro mês do ano desde 1941.

Onda de calor - temperaturas registadas

De acordo com o Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA), as ondas de calor em Portugal no mês de janeiro são muito pouco frequentes. Das cerca de 60 estações meteorológicas analisadas desde 1941, três quartos nunca registaram uma onda de calor neste mês. Mas este ano de 2024, a situação foi bem diferente.

Uma onda de calor acontece quando a temperatura máxima diária é pelo menos 5 ºC superior ao valor médio para esse período, durante pelo menos seis dias consecutivos.

A partir do dia 22 e até ao fim do mês de janeiro, registaram-se valores médios da temperatura do ar no continente muito superiores ao valor médio mensal 1981-2010.

Anomalias da temperatura
Evolução diária dos valores médios da temperatura máxima, mínima e média do ar em Portugal Continental e respetivo valor médio mensal 1981-2010. Fonte: IPMA

No dia 24 é de assinalar o valor da média da temperatura máxima no Continente, que atingiu os 20 oC, com uma anomalia de +6 oC em relação ao valor médio.

No período a partir do dia 22 registou-se uma onda de calor em cerca de 30% das estações meteorológicas e que abrangeu alguns locais da região Norte e Centro.

Esta onda de calor, iniciada em janeiro, prolongou-se para o mês de fevereiro e pela sua extensão espacial e temporal, pode ser considerada, a onda de calor mais significativa observada no mês de janeiro, desde há 83 anos.

Da análise feita pelo IPMA, constata-se que o maior número de dias em onda de calor registados este ano verificou-se na estação das Penhas Douradas com 13 dias (período entre 21 de janeiro e 2 de fevereiro), seguida de Viseu, Cabril e Dunas de Mira, todas com 11 dias e Montalegre, Anadia e Coimbra com 10 dias, entre outras estações, que tiveram ondas de calor a durarem entre 6 a 9 dias.

Pela análise de dados de arquivo, o IPMA conclui que o maior número de ondas de calor em janeiro foi registado nas estações em altitude, com as Penhas Douradas a registarem sete ondas de calor desde 1941. Bragança e Portalegre registaram duas ondas de calor cada.

Situação sinóptica em janeiro

Após dias de frio e tempestades no início de janeiro, devido à passagem de três depressões, tivemos a partir do dia 22 uma primavera antecipada.

O estado do tempo em Portugal Continental, na última década de janeiro, esteve condicionado por uma situação de bloqueio anticiclónico (anticiclone estacionário durante alguns dias) sobre a Península Ibérica, estendendo-se em crista até ao arquipélago da Madeira.

A partir do dia 26, este centro de altas pressões deslocou-se para nordeste em direção à Europa Central e estendeu-se em crista até à Península Ibérica, até final do mês de janeiro.

Globo
Em janeiro, alguns locais atingiram temperaturas máximas recordes.

As temperaturas em algumas estações estiveram oito a doze graus acima da média habitual (Aljezur, a 26 de janeiro, atingiu os 26,3 °C), devido à localização do anticiclone dos Açores, uma vasta região de altas pressões atmosféricas, que esteve localizado a latitudes mais elevadas do que a sua posição normal para esta altura do ano. Também a abrangência do anticiclone se mostra atípica ao habitualmente registado em janeiro.

Com esta situação, o território foi afetado por uma massa de ar tropical com temperaturas elevadas para esta altura do ano.