Portugal precisa de mais chuva
A precipitação que tem ocorrido em janeiro em Portugal e a que ocorreu durante o mês de dezembro, em que os maiores valores de precipitação registados estiveram associados à tempestade Ana, não tem sido suficiente para retirar o país do patamar de seca.
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No ano de 2017, o período de abril a novembro foi considerado o mais seco desde 1931 (precipitação cerca de 30% do normal). A situação só se podia desagravar significativamente no final do ano se ocorresse precipitação suficiente no mês de dezembro e o mês fosse considerado um mês chuvoso a extremamente chuvoso.
Mas tal não ocorreu. Apesar da precipitação que ocorreu em dezembro, este mês ainda foi considerado seco com um valor de precipitação que, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), correspondeu a 68% do valor médio. Além disso este foi o 9º mês consecutivo com valores de precipitação abaixo do normal.
A precipitação que ocorreu em alguns dias de dezembro foi essencialmente devida à passagem de ondulações frontais, associadas a depressões em deslocamento para leste. No dia 10 registou-se a precipitação mais elevada devido à passagem de uma superfície frontal fria de forte atividade associada à tempestade Ana.
A precipitação de Dezembro, apesar de não ter sido suficiente para que Portugal saísse da situação de seca, permitiu no entanto que houvesse um pequeno desagravamento da seca meteorológica em todo o território de Portugal continental, e em particular na região Norte. Nas regiões Norte e Centro deixou de se verificar seca extrema.
Segundo o IPMA, e de acordo com o índice meteorológico de seca PDSI, calculado por aquele Instituto para monitorização da seca, no final do ano de 2017, 6% do território estava em seca extrema, 58% em seca severa, 29% em seca moderada e 6% em seca fraca.
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Pela análise da tabela, que representa a evolução do índice PDSI ao longo de 2017, pode verificar-se um desagravamento da seca no final de dezembro, principalmente no que se refere à seca extrema.
Foi no final de outubro que a seca extrema atingiu um máximo de percentagem do território (75,2%), descendo esta percentagem para 51% no final de novembro e uma descida maior da área afectada verificou-se durante o mês de dezembro. No final do ano só 6,4 % do território se encontrava em seca extrema (parte do interior do alentejo e o sotavento algarvio).
No entanto, ainda de acordo com dados do IPMA, a seca de 2016/17, comparada com outras secas históricas no país é a única seca que para o final do ano apresenta grande parte do território (65%) nas classes de maior intensidade do índice PDSI (seca severa e extrema) como se pode verificar pela análise do gráfico.
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Em janeiro já tem ocorrido alguma precipitação mas ainda se está muito longe de se sair da situação de seca. Portugal precisa de mais chuva de forma a que não ocorram mais impactos socio-económicos negativos além daqueles que se têm registado devido à escassez de água em algumas regiões.