Portugal debaixo de fogo. Vários incêndios preocupam população e autoridades, Mecanismo Europeu acionado

Portugal vive hoje uma situação muito difícil no combate aos incêndios rurais. Um cenário alarmante que já obrigou o Estado português a acionar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil.

Os últimos dias em Portugal têm sido particularmente complexos no que diz respeito aos incêndios rurais. As ignições ultrapassaram nos últimos três dias a centena diariamente, sempre em crescendo. Ontem (15), terão mesmo sido largamente ultrapassadas as 200 ocorrências de incêndio rural, as mais preocupantes em Oliveira de Azeméis, Sever do Vouga e Castelo Branco.

O número de ignições noturnas é igualmente impressionante, tendo sido registados nos últimos dias sempre valores próximos ou superiores às 30 ocorrências entre as 00h e as 08h.

Face às previsões meteorológicas dos últimos dias, que a Meteored Portugal havia antecipado e que hoje se confirmam, para o agravamento do perigo de incêndio rural, os Ministros da Administração Interna, da Defesa Nacional, da Saúde, das Infraestruturas e Habitação, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, do Ambiente e Energia e da Agricultura e Pescas determinaram a Declaração da Situação de Alerta em todo o território do Continente.

A Situação de Alerta abrange o período compreendido entre as 13h do dia 15 de setembro e as 23.59h do dia 17 de setembro. Como tal, até à vigência desta situação de caráter excecional, estão em implementação um conjunto de medidas, segundo o Despacho.

O perigo máximo de incêndio verifica-se em muitos concelhos dos distritos de Faro, Portalegre, Castelo Branco, Santarém, Leiria, Coimbra, Guarda, Aveiro, Viseu, Porto, Bragança, Vila Real, Viana do Castelo e Braga.

Situação muito complexa próximo a Albergaria-a-Velha

A manhã desta segunda-feira (16) está a ser de verdadeiro sobressalto na sub-região do Baixo Vouga. É aqui que se concentram dois dos mais preocupantes incêndios ativos em território nacional.

Em Albergaria-a-Velha o cenário é dantesco. Um conjunto de incêndios tem ladeado a cidade e povoações vizinhas, nomeadamente os incêndios de Oliveira de Azeméis, Sever do Vouga e um que eclodiu próximo desta cidade. Em Sever do Vouga foi ativado o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil. Depois de ativado este plano, a Comissão Distrital de Proteção Civil de Aveiro decidiu ativar o Plano Distrital de Emergência de Proteção Civil de Aveiro.

Em Oliveira de Azeméis combatem a esta hora (15.30h) o incêndio 601 operacionais, apoiados por 198 veículos e 8 meios aéreos. Em Sever do Vouga, dois incêndios ativos juntam 321 operacionais, apoiados por 102 veículos e 4 meios aéreos.

Já em Albergaria-a-Velha, incêndio que lavra em zona de interface urbano-florestal e que consumiu já várias habitações e uma parte de um supermercado, 194 operacionais combatem as chamas, apoiados por 59 veículos. Há grupos de reforço em trânsito para estes teatros de operações.

incêndios Portugal
Este ano havia sido, até há dias, o que tinha registado menos área ardida e menor número de ocorrências, mas este período de maior severidade meteorológica pode mudar esse cenário.

A atuação dos meios aéreos está muito condicionada, sobretudo devido à ausência de visibilidade. Quatro bombeiros ficaram feridos no combate às chamas em Oliveira de Azeméis, um deles em estado grave, confirmou o presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis, Joaquim Jorge. Um outro bombeiro faleceu durante o combate às chamas ainda no dia de ontem, vítima de paragem cardiorrespiratória.

Do incêndio de Oliveira de Azeméis resultaram outras 14 vítimas, sendo no total 18, entre 6 assistidos no local, 9 feridos leves, 2 feridos graves e uma vítima mortal. Quatro habitações foram afetadas, bem como um anexo agrícola, segundo as últimas informações oficiais.

Estes incêndios obrigaram as autoridades a proceder a diversos cortes de vias, nomeadamente a A1, entre Grijó e Coimbra Norte, A25 entre o nó do estádio e Reigoso, no IC2 entre Pinheiro da Bemposta e A-Branca, a A29 entre Estarreja e Angreja (sentido norte-sul) e Salreu até à A25 (sentido norte-sul), a A17 de Mira à A25 (sentido sul-norte), a EN109 entre Estarreja e Aveiro, a A32 no nó com a A41 na zona de Sandim e a A43 entre Gondomar e Gens, segundo informações da Infraestruturas de Portugal às 15h.

Adicionalmente, também devido a incêndio, a circulação na linha do Vouga está suspensa entre Espinho-Vouga e Paços de Brandão. A circulação na linha do Douro entre Valongo e S. M. Campo efetua-se em via única. Entretanto a linha do Norte já está reestabelecida em Cacia.

O último Briefing Operacional dava conta de 36 incêndios em curso, com 10 ocorrências significativas, com destaque para os já referidos incêndios de Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha e Sever do Vouga, mas também para Penalva do Castelo e Castelo Branco.

Em Castelo Branco, freguesia de Louriçal do Campo, está ativo um incêndio que teve início às 21.52h de domingo e que concentra 274 operacionais, apoiados por 92 veículos e 2 meios aéreos, e que deverá ser dado com dominado nas próximas horas. Em Penalva do Castelo estão ativos dois incêndios que juntam 195 operacionais, apoiados por 57 veículos e 4 meios aéreos.

Mecanismo Europeu de Proteção Civil acionado

O grau de complexidade obrigou Portugal a solicitar apoio através do Mecanismo Europeu de Proteção Civil. Assim, nas últimas horas deverão chegar ao território nacional 4 parelhas de aviões anfíbios, que serão enviados por Espanha, França, Itália e Grécia.

Recomenda-se à população que siga as orientações das autoridades e que evite a permanência em locais próximos das zonas afetadas pelos incêndios, fazendo apenas as deslocações essenciais. Na zona de Aveiro, a Guarda Nacional Republicana e a Polícia de Segurança Pública não estão a permitir a circulação, por isso, se a procura siga as orientações das autoridades.