Porque é que os filhos de famílias numerosas são mais colaborativos? Estudos científicos explicam!
Ter muitos filhos, atualmente, já não é um objetivo para a maior parte das famílias, contudo pode significar a aquisição de um conjunto de competências sociais. Fique a saber mais sobre este assunto, no nosso portal!
Um estudo desenvolvido por um conjunto de universidades canadianas indica que adultos que cresceram no seio de famílias numerosas tendem a ser mais honestos, humildes e bondosos, quando comparados com famílias com apenas um ou dois filhos. Este conjunto de qualidades, de competências sociais são muito apreciadas pelas entidades empregadoras, logo é importante compreender o contributo das famílias numerosas para este facto.
Para isso, investigadores das Universidades de Brock e Calgary analisaram fatores como a ordem de nascimento e do número de irmãos no seio da família para avaliarem os impactes nos traços de personalidade. Compreendeu-se, assim, que os filhos que nascem no meio são os que são mais colaborativos e apresentam mais competências sociais acima descritas.
Metodologia aplicada
Para conseguir chegar às conclusões acima identificadas, os autores deste estudo analisaram uma amostra significativa de indivíduos (mais de 700 mil adultos participaram no estudo), tendo ainda origens geográficas distintas. Os mais de meio milhão de adultos participantes no estudo desenvolveram um teste de personalidade que tinha como objetivo avaliar as suas principais dimensões, principalmente em ambiente de trabalho.
Assim, este estudo acaba por confirmar uma visão que foi amplamente difundida na comunidade científica, nos últimos anos, ou seja, foi possível perceber que a ordem de nascimento dos filhos explica apenas diferenças muito pequenas nos traços de personalidade, isto para os países ocidentais.
Contudo, ao acrescentarem variáveis menos estudadas como a honestidade e humildade, foi possível compreender que os filhos do meio são os mais colaborativos e gentis, seguidos pelos primogénitos, pelos mais novos e, por último, os filhos únicos, que são os que, segundo o estudo, são os que apresentam menos humildade, honestidade e gentileza, em ambiente de trabalho.
Mais resultados interessantes
Para além do que está descrito acima, os investigadores acreditam que o número de irmãos também pode influenciar o grau de cooperação: famílias com mais filhos tendem a apresentar um maior grau de cooperação. Já nas famílias com o mesmo número de irmãos, são os mais velhos ou mesmo o mais velho que desenvolvem personalidades mais colaborativas.
Umas das principais limitações apresentadas para este estudo reside na estratégia de análise, que não contempla fatores considerados relevantes por outros especialistas nestas áreas, como o país de residência e nascimento, a língua materna e a situação socioeconómica.
O facto de o estudo ter sido desenvolvido em mais do que um país também ajudou a que os resultados fossem surpreendentes. Numa altura em que, na maioria dos países desenvolvidos, a taxa de fecundidade e natalidade continuam em queda, a possibilidade de aquisição de competências-chave para a vida adulta pode ser uma motivação para os futuros pais ou mesmo para as famílias com um ou dois filhos a terem mais filhos nos próximos anos. E bem que o continente europeu precisa!
Referência da notícia:
Personality differences between birth order categories and across sibship sizes, M.C. Ashton, K. Lee, , Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. (2024).