Porque é que devemos levar a sério os avisos meteorológicos?
Desde as fogueiras pré-históricas até ao toque dos sinos, os seres humanos têm utilizado diferentes formas de avisar de desastres iminentes. Dar ouvidos aos avisos pode significar a diferença entre a vida e a morte.
Desde o início dos tempos, as pessoas sentiam-se desprotegidas e vulneráveis porque não podiam prever os perigos. Por isso, havia vigias, pessoas que, em torres ou muros, observavam permanentemente o horizonte para ver se se aproximavam animais perigosos ou o inimigo. Foi assim que se criaram os primeiros sistemas de alerta, para que as pessoas pudessem dormir tranquilamente ou fazer o seu trabalho quotidiano sem se preocuparem com ameaças.
Com o tempo, o mesmo conceito acabou por ser aplicado para avisar da subida dos rios, dos incêndios, das chuvas torrenciais, das tempestades, das inundações, dos tornados, etc. Um vigia avisava da materialização destes perigos para que as pessoas tomassem precauções para salvar as suas vidas e bens.
Utilizavam tudo, desde sinais visuais a sinais sonoros, para avisar precocemente a população.
Hoje em dia, as formas de emissão de avisos precoces mudaram, embora o objetivo final continue a ser o mesmo: avisar a população a tempo de salvar as suas vidas e proteger os seus bens.
Gritos, sinos, sirenes, SMS
Com o avanço da civilização e a evolução da ciência e da tecnologia, os seres humanos implementaram uma infinidade de métodos de vigilância e de alerta para utilização em situações de emergência.
Primeiro foram as fogueiras que, com o fumo durante o dia e o fogo durante a noite, serviram como avisos visuais primitivos. Mais tarde, através de tambores e instrumentos de sopro, foram criados os primeiros alarmes sonoros. Na Idade Média, foram os sinos das igrejas que começaram a ser utilizados como sistemas de alerta para avisar de incêndios ou da chegada de inimigos, entre outros perigos iminentes.
Nas últimas décadas, a compreensão dos perigos que causam catástrofes de natureza meteorológica, hidrometeorológica, tecnológica ou uma combinação destes fatores melhorou significativamente, conduzindo a melhores sistemas de alerta precoce e a um aumento da lista de perigos sob vigilância destes sistemas.
Alerta precoce
O alerta precoce provou ser uma solução fiável para proteger vidas e meios de subsistência de catástrofes como inundações, ondas de calor, tempestades e tsunamis.
As Nações Unidas observam que os países com uma cobertura limitada de alerta rápido têm uma mortalidade por catástrofe oito vezes superior à dos países com uma cobertura substancial ou total.
Não basta que o alerta precoce identifique corretamente e com antecedência um perigo iminente. É necessário garantir que as pessoas e os setores em risco possam receber o alerta, compreendê-lo e, sobretudo, agir em conformidade.
A confiança das pessoas nas previsões e no alerta precoce é essencial para o efeito.
Não acertam em nada!
Há um folclore muito difundido sobre a previsão do tempo: "os meteorologistas são as únicas pessoas no mundo que podem estar erradas metade das vezes e ainda assim serem pagas".
Certamente que quem pensa assim não tem consciência da complexidade da ciência que está por detrás de uma boa previsão meteorológica. Além disso, os meteorologistas dispõem de diferentes métodos para verificar e avaliar a exatidão das suas previsões, o que é feito regularmente para as melhorar.
De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, uma previsão de cinco dias pode descrever com exatidão o tempo em cerca de 90% das vezes, enquanto uma previsão de sete dias o pode fazer em cerca de 80% das vezes. Uma previsão a 24 horas pode ter até 95% de exatidão.
Estes valores podem variar globalmente, pois há que ter em conta que no hemisfério norte as previsões são mais exatas do que no hemisfério sul, principalmente devido ao facto de um ser mais continental do que o outro e ter mais estações meteorológicas. Por outro lado, as diferentes geografias fazem com que em alguns locais as previsões sejam mais exatas do que noutros. Mas não há dúvida de que a perceção que o público tem da exatidão das previsões é um pouco infundada.
Salvar vidas, proteger bens
A exatidão das previsões meteorológicas fez da meteorologia uma ferramenta indispensável no mundo atual. Os transportes aéreos, marítimos e terrestres, o comércio, a agricultura, a economia e até a decisão sobre a roupa a vestir dependem de uma previsão meteorológica.
Com a melhoria dos alertas precoces, o número de mortes causadas por fenómenos meteorológicos, climáticos e hidrológicos diminuiu drasticamente desde 1970.
E se continua a não acreditar nas previsões meteorológicas, uma má previsão é preferível à incerteza, tal como é preferível travar num sinal vermelho mesmo que não haja nenhum carro a atravessar o cruzamento.