População de insetos: de vizinhos incómodos a vizinhos amigos
Os insetos são seres vivos que praticamente só recebem a nossa atenção quando queremos afugentá-los, mas podem ter um papel fundamental na sobrevivência dos ecossistemas. Fique a saber mais sobre este assunto, aqui!
Os ecossistemas, a nível mundial, estão cada vez mais ameaçados, em grande parte, devido às consequências da atividade humana. A biodiversidade consiste na variedade de formas de vida que habitam a superfície terrestre, e quanto maior for, mais saudável e resiliente será um ecossistema.
Vários tipos de artrópodes, nomeadamente insetos e aranhas, desempenham um papel fundamental na manutenção da saúde dos ecossistemas, dos quais os humanos dependem para viver. Um estudo recente indica que a atividade humana afeta a biodiversidade entre os artrópodes, registando-se um impacte ainda mais significativo nas áreas urbanas. Os fatores não biológicos, como as variações diárias de temperatura e a proximidade ao oceano/continentalidade também são tidos em conta nesta análise.
O estudo acima referido foi desenvolvido durante mais de um ano, por investigadores da Faculdade de Letras, Artes e Ciências da USC Dornsife. Este trabalho centrou-se numa área geográfica bastante extensa, na costa Oeste dos Estados Unidos da América, mais especificamente em Los Angeles e na sua área metropolitana.
Nas áreas urbanas, níveis elevados de biodiversidade estão associados a benefícios para os ecossistemas e populações, que se traduzem em melhor qualidade do ar, diminuição do risco de inundações e até melhorias ao nível da saúde mental dos seres humanos.
Espécies continuam a prosperar, apesar da atividade antrópica
Numa primeira fase foram capturados artrópodes voadores, como abelhas, moscas e borboletas. Para além disso, também se procedeu à captura de aranhas no solo. Estas capturas tinham como objetivo averiguar a variedade de espécies que viviam em determinadas áreas, nomeadamente as que foram fortemente humanizadas nas últimas décadas.
Esperava-se que se registasse pouca biodiversidade, em resposta a alterações significativas na paisagem, mas os resultados demonstraram uma realidade (felizmente) bem diferente. A maioria das espécies de aranhas e insetos capturados encontraram respostas às alterações introduzidas pelo homem e continuam a prosperar.
Contudo, nem tudo são boas notícias já que ficou claro que a biodiversidade dos artrópodes diminui drasticamente em locais onde as temperaturas são mais elevadas. Já a impermeabilização dos solos com betão e asfalto tiveram efeitos contraditórios: certas espécies conseguiram uma boa adaptação, já outras… nem tanto!
Em suma, os autores do estudo indicam que, de forma a manter ou pelo menos a não perder a biodiversidade existente, responsável pela saúde dos ecossistemas, se deve priorizar a manutenção e a criação de mais áreas verdes nas cidades, conjugado com a diminuição do uso de pesticidas.
Para além disso, as pessoas responsáveis pelo planeamento urbano, nas cidades, podem criar infraestruturas que permitam a manutenção dos níveis de biodiversidade, como se fossem “ninhos” onde várias espécies de artrópodes se podem reproduzir.
Referência da notícia:
Guzman, L. M. et al. Drivers of arthropod biodiversity in an urban ecosystem. Nature (2024).