Poeiras em Portugal, talvez o último marco do anticiclone. Mapas mostram uma mudança drástica do tempo em poucos dias
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O anticiclone trouxe estabilidade meteorológica a Portugal continental, contribuindo para temperaturas acima da média. Poeiras do Saara têm surgido sobre Continente e Madeira e nos próximos dias chegarão aos Açores. Serão as poeiras o último marco do anticiclone? Já se vislumbra mudança de tempo!
Um forte anticiclone à superfície estabeleceu-se nas imediações de Portugal continental, atuando como um “escudo” perante frentes e depressões atlânticas.
Esta situação sinóptica tem contribuído para temperaturas diurnas elevadas, e além disto, faz com que os ventos predominantes na Madeira sejam de Leste/Sudeste/Nordeste. Os ventos do continente africano transportam partículas de poeira do vasto deserto do Saara para o Arquipélago.
As partículas PM10, um componente essencial das poeiras, podem ter efeitos adversos no sistema respiratório humano. Estas partículas minúsculas, com um diâmetro entre 2,5 e 10 µm, são capazes de penetrar profundamente nos pulmões, causando uma série de problemas de saúde.
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Prevê-se que esta quarta (31) e quinta-feira (1) sejam os dias mais críticos na Região Autónoma da Madeira, com a qualidade do ar a oscilar entre moderada e muito má. Estima-se que a concentração de partículas PM10 ultrapasse o patamar dos 200 μg/m³.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que a situação é desfavorável quando a concentração desta matéria particulada excede 45 μg/m³ na média diária. No Arquipélago da Madeira, este valor será claramente superado hoje e quinta-feira, 1 de fevereiro.
Poeiras do Saara também vão chegar aos Açores
As poeiras continuarão na sua movimentação para oeste e, entre sexta-feira (2) e domingo (4) estarão sobre os Açores, não se descartando a ocorrência de chuva de lama nas ilhas do Arquipélago devido à possibilidade de coalescência das partículas de pó com as gotículas de chuva.
O anticiclone vai continuar a dominar no Continente pelo menos até meados da próxima semana. No entanto, as últimas saídas dos mapas do nosso modelo meteorológico de referência (ECMWF) insistem numa mudança drástica de tempo a partir de sexta-feira, 9 de fevereiro.
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Caso as previsões se cumpram, uma robusta frente associada a uma depressão posicionada a noroeste da Península Ibérica poderá descarregar chuva em quase toda a geografia do Continente.