Podiam ser resorts, mas são luxuosos os abrigos antiaéreos da Finlândia
A situação geopolítica da Europa obrigou à adaptação de algumas instalações que podem ajudar a salvaguardar a saúde da população em caso de conflito. Fique a saber mais sobre este tema, connosco!

A situação de guerra na Europa já se estende há mais de 3 anos e não parece ter fim à vista, tendo em conta as últimas notícias sobre o tema. Os países beligerantes (Rússia e Ucrânia) parecem não chegar a acordo em matérias essenciais, sendo que os países mais poderosos que tentam mediar o conflito, nomeadamente os Estados Unidos e a China, não parecem ter a tão desejada fórmula para a paz.
Neste contexto, alguns países que fazem fronteira com a Rússia adotaram medidas de prevenção, em caso de invasão. A Finlândia é um destes países, sendo que partilha uma fronteira com mais de 1000 km, arranjou uma forma curiosa de salvaguardar a população: antigos abrigos antiaéreos da Segunda Guerra Mundial, transformados em áreas de lazer, podem voltar à sua função original numa questão de horas.
Características específicas
No âmbito do reforço da prontidão militar da Europa, a Finlândia está a dar um destaque especial à sua rede de abrigos antiaéreos. Estas instalações no subsolo podem acolher uma percentagem significativa da população total do país (perto de 90%) e em tempos de paz funcionam como centros de lazer. Estes locais estão equipados com piscinas, ginásios, parques infantis e campos de futebol que podem ser livremente utilizados pela população.

A estratégia nacional de preparação da população em caso de conflito engloba uma rede de mais de 50 000 abrigos com estas características, que estão escavados num subsolo de granodiorito. Esta rocha, muito idêntica ao granito, confere a estes espaços elevados níveis de resistência a ataques aéreos, proporcionando segurança às populações durante períodos alargados de tempo.
Um exemplo prático desta rede encontra-se em Helsínquia, capital deste país nórdico. O abrigo Itakeskus tem capacidade para perto de 4000 pessoas e está equipado com piscinas e saunas a dezenas de metros de profundidade. Em caso de necessidade, esta instalação pode ser convertida em abrigo antiaéreo em cerca de 72 horas.
Necessidades defensivas
Nos últimos 70 anos, a Finlândia tem levado a defesa da sua integridade territorial, bem como o bem-estar e a segurança da sua população bastante a sério. Os próprios finlandeses acreditam que poderiam servir de exemplo para os restantes países europeus, no que toca ao investimento na defesa e à preparação civil.

De resto, este tipo de preparação advém de uma leitura bastante clara da história: desde o período da Segunda Guerra Mundial que os finlandeses se sentem ameaçados pelo poderio russo, sem, contudo, desistirem da sua autodeterminação. Neste conflito, a poderosa União Soviética invadiu o território finlandês e sofreu uma copiosa derrota frente a um exército teoricamente em desvantagem a todos os níveis.
A Finlândia é o oitavo maior país da Europa, em termos de área, sendo em simultâneo o que apresenta uma menor densidade populacional. Tornou-se independente, em relação ao Império Russo em 1917/18 e desde então é uma democracia em construção. Em termos de Índice de Desenvolvimento Humano é considerado um dos mais avançados do mundo.