O vai e vem dos plásticos!
Criado em 1907 para nos tornar a vida mais fácil, o seu uso intensificou-se na década de 40/50 e hoje continua a servir para quase tudo, desde as embalagens de fruta a capas de telemóveis. Agora, chegou a vez da cobrança e já começamos todos a pagar.
O plástico não vai pura e simplesmente, fora. E porque não desaparece, ele está de facto a tornar os oceanos numa ‘sopa’tóxica que afeta toda a vida marinha e humana. Desde a sua comercialização e utilização corrente, em 1950, calcula-se que foram produzidas mais de oito mil milhões de toneladas deste material.
Agora a fatura começa a chegar na forma de marés infestadas de partículas microscópicas e amontoados de garrafas e embalagens, ameaçando setores fundamentais como a pesca ou o turismo e fazer estragos na saúde, de formas que ainda nem estudadas. Perante esta realidade a Comissão Europeia, tentou levar a cabo medidas políticas concretas, para enfrentar o problema. Uma das primeiras medidas foi a determinação, para que, num espaço temporal de 12 anos, cada Estado-membro da União, acabe com as embalagens de uso único "Single use Plastic".
O Governo português deu o primeiro sinal, com a medida que proíbe o uso de garrafas sacos e descartáveis de plástico, nos serviços da Administração Pública. Também a Assembleia da República, aprovou em regime experimental a cobrança do depósito sobre embalagens descartáveis de bebidas, a aplicar a plásticos vidro e alumínio, até ao final de 2019. A cobrança deve passar a obrigatória a partir de 2022.
Aprovada pelo Parlamento Europeu, outra proposta foi aprovada para entrar em vigor em 2021, pretende proibir a venda de produtos de plástico de utilização única, como pratos, talheres, cotonetes ou palhinhas e recipientes para alimentos e bebidas feitos de poliestireno expandido. Os eurodeputados intimaram também os estados-membros a tomarem medidas para reduzir já, em pelo menos um quarto, a utilização de outros produtos de plástico de utilização única.
E números? É perceber que não deitamos "fora", porque não existe fora.
Todos os anos, só na Europa, são deitados fora, por ano 25 milhões de toneladas de plástico e menos de um terço é recolhido para reciclagem. Por ano, em todo o mundo produzem-se 320 milhões de toneladas de plástico.De todo o plástico já produzido, cerca de 80% continuam no meio ambiente, acumulados em aterros e na Natureza. Nas praias do mundo inteiro, 85% do lixo, são plásticos.
Num estudo realizado este ano em 42 países, mais de dez mil voluntários apanharam lixo em zonas costeiras e nos quase 200 mil pedaços de plástico que recolheram, 65% eram embalagens de produtos de marcas como a Coca-Cola, Pepsi, Nestlé, Danone ou Colgate-Palmolive.
Deitar um saco de plástico no caixote do lixo, um cotonete na sanita ou uma beata para o chão, multiplicado por milhares de milhões de pessoas em todo o mundo tem consequências reais graves, para o ambiente. O plástico não vai fora, não desaparece e não se elimina quando deitado no lixo. De novo e mais uma vez, neste, como noutro lixo, é preciso reduzir, reciclar e reutilizar. Isto para não dizer, acabe-se.