Pesadelo em Moçambique: o ciclone Freddy está a chegar
Depois de uma longa viagem pelo Sul do Oceano Índico, este ciclone tropical está prestes a chegar a terra com força destruidora, com potencial para causar danos e vítimas, em áreas tradicionalmente vulneráveis. Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!
Segundo dados dos satélites que usamos aqui na Meteored, o ciclone Freddy iniciou-se como depressão tropical no dia 4 de fevereiro, com um vento máximo sustentado de 37 km/h, perto da Indonésia. Numa fase inicial, deslocou-se para és-nordeste (ENE), em direção a Timor-Leste, mas logo no dia 5 inverteu a sua marcha e seguiu, mais ou menos paralelo à costa Noroeste da Austrália, em direção ao Índico Sul.
Na sua trajetória para Oeste, até dia 8 foi considerado uma tempestade tropical, mas a partir do dia seguinte já foi considerado um evento com a força equivalente a um furacão de categoria 1. Nestas últimas duas semanas, durante a travessia no oceano, alimentou-se das águas quentes do Índico, adquiriu força, tendo chegado ao equivalente à categoria 5, o nível máximo de força de um furacão, com ventos máximos sustentados na casa dos 231 km/h.
Durante este período não representou qualquer tipo de perigo para qualquer superfície emersa, situação que se alterou nos últimos dias. Nos últimos dois dias perdeu alguma força, desceu para o equivalente à categoria 4 e prevê-se que ainda hoje desça para o equivalente à categoria 3. Mesmo assim, algumas áreas da costa oriental da ilha de Madagáscar podem contar com ventos máximos sustentados de 176 km/h e rajadas de 213 km/h.
O Freddy é praticamente um caso único em termos de longevidade e em distância percorrida. Apenas o ciclone Eline/Leone, em fevereiro de 2000 percorreu tamanha distância, entre a Indonésia e Madagáscar, em tão pouco tempo (apenas duas semanas), sendo que posteriormente afetou com grande intensidade a referida ilha, Moçambique e outros países limítrofes.
Efeitos em Moçambique
A previsão dos nossos satélites indica que entre hoje e amanhã, Madagáscar seja afetada pela passagem deste ciclone, que é considerado compacto e extremamente intenso. O seu primeiro alvo foram as Ilhas Maurícias, que apesar da força do evento não registaram danos de maior ou vítimas mortais.
Entre hoje e amanhã, na sua travessia Este-Oeste de Madagáscar, o Freddy vai perder força. A capital, Antananarivo ainda será bastante fustigada por chuvas que podem chegar aos 300 mm em certas áreas e por rajadas de vento que podem chegar aos 200 km/h, mas a costa Oeste da ilha “apenas” contará com ventos máximos sustentados de 83 km/h e rajadas que podem atingir os 102 km/h.
Contudo, a partir de sexta-feira, dia 24, a história será diferente, já no continente africano. Na sua passagem pelo Canal de Moçambique, o Freddy vai voltar a ganhar força, sendo que afetará Moçambique com a força equivalente a um furacão de categoria 1. Prevê-se que toque em solo moçambicano algures entre Vilanculos e Pomene, cerca de 480 km a Nordeste da capital, Maputo.
Está previsto que esta área central de Moçambique seja afetada, principalmente a partir de sexta-feira de manhã, por chuvas intensas, ventos fortes e agitação marítima que pode provocar inundações costeiras nas áreas mais vulneráveis.
Neste sentido, o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) de Moçambique já reativou 15 centros de acolhimento, como resposta à passagem deste ciclone, principalmente na província da Beira. A ideia é retirar a população mais vulnerável para estes espaços, que oferecem água, serviços de saúde, energia elétrica e outros bens e serviços essenciais. Esta entidade apelou à população que se encontra em zonas de risco, nomeadamente áreas expostas às cheias rápidas e/ou a ventos fortes para que se retire dessas zonas de risco.
Outros países africanos serão afetados
De resto, as previsões indicam que este evento poderá decorrer pelo menos até domingo, sendo que nessa altura já estará a afetar outros países da África Austral, nomeadamente a África do Sul, Essuatíni (Suazilândia), o Botswana e o Zimbabué.