Pera Rocha é o símbolo do Oeste. Portugal está entre os cinco maiores produtores de pera na Europa
Portugal tem 11.297 hectares dedicados ao cultivo da pera, dos quais 84% estão concentrados na região do Oeste. A campanha de apanha da Pera Rocha deste ano já começou e envolve mais de 15 mil pessoas. A colheita é “de qualidade”, mas a quantidade pode ficar abaixo do ano passado.
A Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha (ANP), liderada por Filipe Ribeiro, anunciou esta semana o arranque da campanha de apanha da Pera Rocha 2024, que considera ser “um marco anual para a região [do Oeste] e para o país”. Simboliza, “não apenas a colheita deste fruto icónico e a chegada do mesmo às casas dos consumidores, mas também a renovação de uma tradição que sustenta a economia e a vida de mais de 2500 famílias na região Oeste de Portugal” e que todos os anos gera receitas superiores a 85 milhões de euros.
Desde a sua descoberta, em 1836, na quinta de António Pedro Rocha, em Sintra, “a Pera Rocha tem sido um símbolo de qualidade e tradição na região Oeste”, explica a ANP.
Problemas fitossanitários afetam a Pera Rocha
As condições climáticas nos últimos meses têm sido “adversas”, devido à escassez de água, e vários problemas fitossanitários, como o fogo bacteriano, “forçaram a uma revisão das expectativas para 2024”. Ainda assim, os produtores esperam “uma produção ao nível ou ligeiramente inferior à do ano passado”, que já tinha sido 13% inferior à colheita de 2022.
Acima de tudo, diz a ANP, os produtores da região do Oeste “continuam comprometidos com a máxima qualidade deste fruto tão icónico e em trazer à casa dos consumidores a melhor Pera Rocha nacional”.
Com uma área de 11.297 hectares dedicados ao cultivo de pereiras em Portugal, dos quais 84% estão concentrados na zona Oeste, a campanha de apanha da Pera Rocha é considerada “vital” para a região. Envolve mais de 15 mil pessoas.
“Num esforço coletivo ímpar, produtores, colaboradores e centrais fruteiras da região estarão nas próximas semanas em plena atividade”, equipadas com “tecnologia de ponta” para assegurar a “separação precisa das frutas por calibre, tipo e qualidade”, refere o presidente da Associação. Serão colhidas e processadas “mais de uma centena de milhares de toneladas de Pera Rocha”.
A Pera Rocha não é apenas uma fruta para ser consumida ao natural. Filipe Ribeiro, da ANP, destaca a “versatilidade” deste produto, que “permite que brilhe em diversas aplicações culinárias”, nomeadamente em sobremesas, pratos doces ou salgados ou, até, em papas para crianças. “Este fruto único adapta-se a múltiplas receitas, elevando qualquer prato com o seu sabor inconfundível”.
Pera Rocha exportada para mais de 20 países
Portugal continua a destacar-se no top 5 dos maiores produtores de pera na Europa, mas a variedade Pera Rocha continua a ser “o símbolo inconfundível da região Oeste”. O fruto é exportado para mais de 20 países, com destaque para o mercado europeu, Marrocos e Brasil.
A pera e, em concreto, a Pera Rocha é, por sinal, um dos frutos que mais contribui anualmente para o sucesso das exportações de frutas de Portugal.
Os últimos dados revelados pela associação Portugal Fresh, a meados de agosto, revelam que as exportações de frutas, legumes e flores nacionais “cresceram 13,4% nos primeiros seis meses do ano”, face ao mesmo período do ano anterior, “reforçando a trajetória de crescimento das vendas da produção nacional nos mercados externos”.
Por país, os principais destinos são Espanha (32%), seguidos de França, Países Baixos, Alemanha e Reino Unido. “Cerca de 74% do valor das vendas para o exterior concentra-se nestes cinco principais mercados, que recebem os produtos portugueses num espaço de três e 36 horas em transporte refrigerado”, após saírem das centrais de embalamento das empresas exportadoras.
Em volume, as exportações de frutas, legumes e flores nacionais “regista uma subida de 4,2% em comparação com o primeiro semestre de 2023”, para um total de 763 milhões de quilos, refere a Portugal Fresh.
Gonçalo Santos Andrade, presidente da Portugal Fresh, fala de “um desempenho positivo”, que é “resultado do trabalho árduo e da inovação contínua das empresas portuguesas, que têm investido em tecnologia, sustentabilidade e eficiência para elevar os padrões de qualidade dos seus produtos".
"Neste primeiro semestre exportámos para 121 países e é preciso procurar cada vez mais clientes que estejam disponíveis para valorizar os nossos produtos", defende o gestor.