Pelo menos 200 tipos de bactérias vivem na boca, pelo que os dentistas e os médicos apelam à melhoria da saúde oral
As doenças orais, apesar de serem na sua maioria evitáveis, representam um encargo significativo para o setor da saúde de muitos países e afetam a população ao longo da vida, causando dor, desconforto, deformidades e até a morte.
Durante o namoro e na vida de um casal, é importante tomar medidas para evitar a proliferação de doenças que podem ser transmitidas por via oral, devido à acomodação de vírus e bactérias na cavidade oral ou dentária, disse o estomatologista ligado à Unidade de Medicina Familiar. (UMF) n.º 51 do Instituto Mexicano de Segurança Social (IMSS) em Jalisco, Turia Irazú Portugal Padilla.
O especialista lembrou que existem diferentes bactérias, vírus e fungos que também se podem manifestar em doenças orais, e que podem ser transmitidos através da saliva ou do beijo entre casais, por exemplo, influenza, gripe, COVID-19, vírus Epstein Barr ou citomegalovírus, herpes, cáries, gengivite e até hepatite A, gonorreia e sífilis.
Além disso, referiu que estas doenças são altamente transmissíveis, daí a importância de não partilhar objetos de uso pessoal, como escovas de dentes.
O especialista referiu que se o casal não for informado de que tem cáries ou gengivite ou se é portador de gonorreia e sífilis, por exemplo, e o seu parceiro tiver uma ferida na boca (que são muito comuns devido à sensibilidade que existe na mesma, mesmo que tenha a melhor das higienes), a probabilidade de contágio dessa doença é elevada, pelo que num ato de amor e responsabilidade social deve informá-lo prontamente e, claro, cuidar da sua higiene oral.
De acordo com o Estudo sobre o Peso Global das Doenças de 2019 (The Global Burden of Disease Study 2019), a cárie dentária não tratada nos dentes permanentes é o distúrbio de saúde mais comum e estima-se que estas doenças afetem quase 3,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo.
Outras condições orais importantes para a saúde pública são as fissuras orais, o noma (uma doença gangrenosa grave que começa na boca e afeta principalmente as crianças) e as pancadas fortes provocadas por acidentes de viação ou por desportos radicais ou de contacto.
As doenças orais estão a aumentar
A prevalência das principais doenças orais continua a aumentar em todo o mundo, mas especialmente nos países em desenvolvimento como o México, devido à crescente urbanização e às mudanças nas condições de vida. Também a utilização insuficiente de flúor e de produtos de higiene oral, como pasta de dentes e fio dentário.
O especialista referiu que "por vezes nos casais já existe tanta confiança e convivência óbvia que é fácil pedirem emprestada a escova de dentes o que é um pouco inapropriado, assim como partilhar o copo de água ou a mesma comida, não devemos normalizar estes comportamentos".
Uma simples cárie deve ser tratada o mais rapidamente possível, uma vez que a infeção pode ultrapassar a corrente sanguínea e provocar lesões noutros órgãos ou sépsis. Do mesmo modo, o vírus Epstein Barr e o citomegalovírus podem provocar desde febres ligeiras e inflamação dos gânglios linfáticos até afeções do baço e do fígado, se não forem tratados atempadamente e de forma adequada.
Exortou a população a manter uma higiene oral óptima para prevenir patologias e infeções, pois recordou que pelo menos 200 tipos de bactérias estão alojadas na boca e que a existência de imunossupressão facilita estas afecções.