Os vírus podem baralhar o ciclo do carbono num mundo em aquecimento!

Os micróbios são afetados por infeções provenientes dos vírus, mas os cientistas sabem relativamente pouco sobre a forma como estas infeções virais podem alterar a forma como estes microrganismos reagem ao aquecimento.

vírus; alterações climáticas
O papel que os micróbios desempenham nos ecossistemas está a mudar com o aquecimento crescente do planeta.

Num novo estudo, os cientistas descrevem as diferentes formas de como o aumento das temperaturas pode afetar os vírus e os seus hospedeiros microbianos. Os seus modelos preliminares mostram que os vírus podem alterar o equilíbrio do carbono, fazendo com que alguns ecossistemas passem de fontes de carbono para sumidouros de carbono.

Os micróbios desempenham papéis importantes nos ecossistemas e esses papéis estão a mudar devido ao aquecimento global crescente. Os cientistas sabem agora que a maioria dos tipos de micróbios são infetados por vírus, mas sabem relativamente pouco sobre como estas infeções virais podem alterar a forma como os micróbios reagem ao aquecimento.

O estudo

Neste estudo, os cientistas descrevem muitas formas de como o aumento da temperatura pode afetar os vírus e os seus hospedeiros microbianos.

O trabalho expõe várias lacunas importantes no conhecimento atual dos investigadores sobre as ligações entre os vírus, o aquecimento e o funcionamento dos ecossistemas. O preenchimento destas lacunas é crucial para compreender e prever os efeitos das alterações climáticas nos ecossistemas.

Este estudo cria um roteiro que ajuda a compreender como os vírus podem modificar os efeitos do aquecimento nas comunidades de micróbios.

A incorporação destes efeitos anteriormente ignorados nos modelos dos ecossistemas ajudará os cientistas a melhorar as suas previsões sobre a forma como os ecossistemas poderão responder às alterações climáticas.

O papel dos microrganismos

Os microrganismos desempenham um papel fundamental nos ecossistemas, controlando o fluxo de energia e matéria através de processos como a fotossíntese (absorção de carbono), a respiração (libertação de carbono) e a decomposição (reciclagem de carbono).

As alterações climáticas estão atualmente a alterar o funcionamento dos ecossistemas, alterando, assim, a forma como os organismos operam nas redes alimentares microbianas. Os cientistas sabem que os vírus podem ter um forte impacto nos processos microbianos, mas têm menos conhecimentos sobre a forma como esses impactos se irão alterar com o aquecimento futuro.

Neste estudo, cientistas da Duke University, da University of Tennessee, do Netherlands Institute of Ecology e do Oak Ridge National Laboratory, analisaram os potenciais impactos do aquecimento nos vírus e a forma como estes podem alterar a compreensão científica das respostas dos ecossistemas às alterações climáticas.

É provável que o aquecimento possa afetar várias fases do ciclo de infeção viral, bem como a dinâmica vírus-hospedeiro.

Os modelos preliminares dos investigadores mostram que os vírus podem fazer pender a balança dos equilíbrios naturais do carbono, fazendo com que alguns ecossistemas deixem de ser fontes líquidas de carbono (libertando mais carbono do que armazenam) e passem a ser sumidouros líquidos de carbono (absorvendo carbono).

Este novo estudo mostra indícios de que os vírus podem, efetivamente, nutrir efeitos no ciclo do carbono, resultando em alterações nos ecossistemas.

Este estudo mostra como a incorporação de vírus em modelos de previsão pode conduzir a efeitos novos e inesperados nos ecossistemas em resposta às alterações climáticas.