Os sedimentos mostram que a Antártida Ocidental gelada foi provavelmente um delta ou estuário de um rio!

Através da análise de amostras de núcleos, uma equipa internacional de geocientistas e geólogos encontrou provas de que a maior parte do que é hoje a Antártida Ocidental foi um delta ou estuário fluvial há cerca de 34 a 44 milhões de anos atrás.

antártida ocidental
Mapa geral da Antártida Ocidental. O mapa mostra a topografia subglaciar da área de estudo, incluindo as principais unidades geológicas e estruturas tectónicas, bem como a localização proposta (esquemática) do sistema fluvial do Eocénico. O mapa de inserção mostra a posição da figura no continente antártico. Fonte: Science Advances (2024).

Os cientistas descobriram provas de que uma grande parte do que é atualmente a Antártida Ocidental foi um delta ou estuário fluvial há cerca de 34 a 44 milhões de anos. As suas descobertas foram publicadas na revista Science Advances.

A Antártida Ocidental, também conhecida como Pequena Antártida, é uma das duas principais regiões que compõem a Antártida: está localizada no Hemisfério Ocidental e é separada da Antártida Oriental pelas Montanhas Transantárticas. Está também coberta por uma imensa calota de gelo. A equipa de investigação salienta que pouco se sabe sobre a história da Antártida Ocidental, pois está coberta de gelo.

Descobertas científicas na Antártida Ocidental

Em 2017, outra equipa de investigadores procurou saber mais sobre a história antiga da Antártida Ocidental, aventurando-se na Baía Amundsen, perto da zona onde a calota de gelo que cobre a região desagua no mar. Perfuraram e recolheram numerosas amostras de núcleos de várias plataformas intermédias e interiores. Para este novo estudo, a equipa de investigação efetuou uma análise aprofundada de vários desses núcleos.

Encontraram secções de arenito que datam do Eoceno médio a tardio, há cerca de 34 a 44 milhões de anos. Descobriram também que o arenito apresentava vestígios de um passado mais ameno. Utilizando a análise de isótopos e outras técnicas, os investigadores encontraram indícios de um antigo delta de rio ou possivelmente de um estuário.

A perfuração é uma técnica de recolha de amostras de solo ou de rocha utilizada principalmente em geologia para estudar a composição e a estrutura do subsolo. Este método consiste na utilização de uma ferramenta em forma de tubo, o corer, que extrai uma coluna de material, designada por core, que permite analisar camadas sucessivas do solo. Os núcleos obtidos fornecem informações valiosas sobre as características geológicas e a história ambiental da região estudada.

Amostras de núcleos mostraram que os sedimentos foram transportados das montanhas para o mar por um grande rio, talvez tão grande como o atual Rio Grande nos Estados Unidos, mostrando que a região estava completamente acima do nível do mar.

A equipa de investigação também encontrou vestígios de compostos orgânicos, indicando que a região foi outrora o lar de bactérias de água doce e possivelmente de uma grande variedade de plantas e animais, e que a temperatura podia atingir os 19°C durante os meses de verão.

Referência da notícia: Zundel M., Spiegel C., Mark C. et al. A large-scale transcontinental river system crossed West Antarctica during the Eocene. Science Advances (2024).