Os cientistas estão intrigados com o ar nos tubos de amostras de Marte da NASA

Os cientistas ficam entusiasmados com cada núcleo de rocha que o rover Perseverance, da NASA, coloca nos seus tubos de amostra de titânio, que estão a ser recolhidos para eventual entrega à Terra no âmbito da campanha Mars Sample Return.

Marte; recolha de amostras
Até à data, foram recolhidas vinte e quatro amostras.

A maior parte destas amostras consiste em núcleos de rocha ou regolito (rocha quebrada e poeira) que podem revelar informações importantes sobre a história do planeta e se a vida microbiana esteve presente há milhares de milhões de anos. Mas alguns cientistas estão igualmente entusiasmados com a perspetiva de estudar o "headspace", ou seja, o ar no espaço extra à volta do material rochoso, nos tubos.

"As amostras de ar de Marte dir-nos-ão não só sobre o clima e a atmosfera atuais, mas também sobre a sua evolução ao longo do tempo", disse Brandi Carrier, cientista planetária do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, no Sul da Califórnia.

Os cientistas pretendem saber mais sobre a atmosfera marciana, que é composta maioritariamente por dióxido de carbono, mas que também pode incluir vestígios de outros gases que podem ter existido desde a formação do planeta.

Com estas amostras poderemos saber mais acerca do vapor de água presente no planeta vermelho

Entre as amostras que poderiam ser trazidas para a Terra está um tubo cheio apenas com gás depositado na superfície marciana como parte de um depósito de amostras.

amostras; Marte
Tubo de amostra no solo de Marte. Fonte: NASA/JPL- Caltech.

Contudo, a maior parte do gás da coleção do rover está no espaço livre de amostras de rocha. Estas são únicas, porque o gás estará a interagir com o material rochoso no interior dos tubos durante anos antes de as amostras poderem ser abertas e analisadas em laboratórios na Terra.

O que os cientistas recolherem destas amostras vai dar uma ideia da quantidade de vapor de água que paira perto da superfície marciana, um fator que determina a razão pela qual o gelo se forma onde se forma neste planeta e como o ciclo da água em Marte tem evoluído ao longo do tempo.

Os cientistas também querem compreender melhor os gases de menor quantidade no ar de Marte. O mais tentador, do ponto de vista científico, seria a deteção de gases nobres, que são tão pouco reativos que podem ter estado presentes, inalterados na atmosfera, desde a sua formação há milhares de milhões de anos.

Se forem capturados, esses gases podem revelar se Marte começou com uma atmosfera. (Marte antigo tinha uma atmosfera muito mais espessa do que a atual, mas os cientistas não têm a certeza se esta esteve sempre presente ou se se desenvolveu mais tarde). Há também grandes questões sobre a forma como a antiga atmosfera do planeta se comparava com a da Terra primitiva.