Ondas de calor fazem temer produtores de azeite

As ondas de calor registadas até ao momento, consequentes das alterações climáticas, estão a afetar a produção de azeite num ano de contrassafra. Fique a saber mais aqui sobre este fenómeno!

Oliveira
O consumo de azeite em Portugal e em todos os principais países produtores euopeus tem vindo a diminuir devido ao aumento do preço do azeite na origem.


É sabido por todos que os agricultores, sobretudo os mais antigos, com a sua sabedoria popular, conseguem adivinhar o tempo, mesmo que este seja de seca severa ou extrema, através do movimento das nuvens quando surgem no horizonte.

Os agricultores alentejanos esperavam a chuva em março, depois acreditaram que as “águas mil” de abril apareciam para molhar os campos de cultivo, agora são muitos os que desesperam pelas chuvas em maio, na esperança de salvar o ano agrícola, que se encontra à beira do desastre.

Ano de contrassafra

Desta forma, a queda na produção de um crescente número de culturas, entre elas a produção de azeite, deriva não apenas do clima, mas também do facto de este ano ser um ano de contrassafra.

De acordo com Gonçalo Morais Tristão, presidente do Centro de Estudos e de Promoção de Azeite do Alentejo, o ano de 2022 foi um ano em que se bateu recordes na produção de azeite, porém, nesta cultura existe um ciclo de safra e contrassafra e este ano será de contrassafra, portanto haverá com certeza uma quebra na produção de azeite.

Um ano de seca é, por um lado, prejudicial à cultura da azeitona e do azeite, o que, por si só, ajuda a perceber se vamos ter uma quebra na produção que no ano passado bateu recordes.

Apesar da seca, Gonçalo Morais afirma que não faltará água para regar os olivais, no entanto com a redução da produção poderá haver um aumento do preço do azeite no destino final, pois a escassez do produto fez subir as cotações do azeite acima dos 6€/Kg.

O fornecimento de azeite vai estar garantido

Azeite
A produção nacional de azeite deverá registar uma quebra de até 50%, face à campanha anterior 2022/2023, devido à seca e ao facto de se estar a realizar em contrassafra.

As condições climáticas registadas até ao momento podem comprometer a campanha em curso, levando à diminuição da produção, contudo o fornecimento de azeite vai estar garantido, afirma Aníbal Martins, vogal do conselho de administração da Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri)

Há olivais que preveem quebras entre 50% a 70%. Mas isto é indicativo. Também há olivais novos que vão ter mais que no ano passado, mas os mais antigos vão ter uma quebra - afirma Gonçalo Morais Tristão.

Relativamente ao preço do azeite, uma vez que a produção será menor, a tendência é que os preços se alterem. Mas a produção que conta para a fixação dos preços a nível mundial é a de Espanha, uma vez que produz metade do azeite a nível mundial.

Contudo, também em Espanha esta questão levanta preocupações uma vez que também este país enfrenta graves problemas a nível de seca.

Apesar de todas estas circunstâncias, Portugal e Marrocos têm vindo a apostar neste setor, fazendo com que a produção nestes países aumente, garantindo assim a presença deste produtos no mercado.