OMS declara o fim da emergência internacional de COVID-19
O Comité de Emergência da OMS declarou o fim da Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional (ESPII ou PHEIC, em inglês) da COVID-19. No entanto, cuidados e estratégias ainda precisam de ser mantidos.
No dia de ontem, o Comité de Emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS) reuniu-se pela 15ª vez e recomendou ao Diretor Geral da Organização o fim da emergência de saúde pública de interesse internacional (ESPII, ou PHEIC, em inglês) da COVID-19.
O Diretor Geral da Organização, Tedros Adhanom, aceitou a recomendação, mas reforça, em coro com o Comité, que os países devem manter as estratégias contra a COVID-19 em vigor.
Questões em aberto
Com o fim da emergência declarado, os especialistas ainda questionam quando e se a COVID-19 irá tornar-se uma endemia. O conceito de endemia pode ser entendido como um cenário "em que a quantidade de pessoas que adoece e eventualmente morre nem aumentam, nem diminuem", ou seja, quando estes valores estão equilibrados "dentro de uma população em que qualquer pessoa pode infetar-se", segundo a publicação do Blogs de Ciência da Unicamp.
Endemias não são cenários inofensivos: pelo contrário. Muitos países e regiões mundiais encaram endemias há anos, contabilizando um número significativo de agravamentos da saúde e óbitos. É o caso da tuberculose, que foi responsável por 1 milhão e 600 mil óbitos no mundo em 2021, segundo a Agência Brasil. Exemplos de endemias são doenças tais como: esquistossomose, leishmaniose, leptospirose e hanseníase, as quais ocorrem com maior intensidade em áreas rurais ou de reduzido acesso à saúde.
A COVID longa
Infelizmente, são muitas as pessoas que, mesmo após um ano ou mais da recuperação de um caso de COVID-19, ainda enfrentam sequelas da doença. Estas sequelas pós-infeção aguda ou que surgem a partir de um tempo maior após a recuperação da infeção são agrupadas no termo COVID longa.
Especialistas ainda estão a debruçar-se sobre este assunto para entender toda a extensão, duração e impacto que estas sequelas podem ter na qualidade de vida dos indivíduos recuperados, tal como comentado aqui - numa compilação geral do que se sabe até ao momento sobre este assunto.
Com um maior número de infecções por COVID-19, maiores são os riscos de desenvolver sequelas pós-COVID-19, tal como noticia a CNN sobre estudos recentes na temática.
O desafio das coberturas vacinais
Outro ponto importante que o Diretor Geral da OMS comenta frequentemente é sobre a falta de equidade nas coberturas vacinais do mundo. Enquanto há países que aplicam um segundo ou terceiro reforço na sua população, apenas 29,8% da população de países de baixo rendimento receberam pelo menos uma dose das vacinas contra a COVID-19, segundo o Our World in Data.
Com baixas coberturas, o risco de uma transmissão sustentada do vírus é grande, e com isso, o risco de novas variantes de maior preocupação surgirem passa a aumentar também. Novas "versões" da Ómicron, variante de dominância global, tem preocupado devido à sua elevada transmissão em paralelo a um escape maior dos anticorpos neutralizantes gerados pela resposta à infeção ou à vacinação.
Estratégias globais de aumentar a equidade no acesso e aplicação das vacinas, bem como estratégias locais de aumentar e manter elevadas coberturas vacinais nos países devem ser mantidas, juntamente com medidas para melhorar a ventilação dos ambientes e reduzir o risco de exposição em ambientes mais propensos a isso, ou em estações em que o aumento da circulação de vírus respiratórios aumenta.
A desinformação continua "pandémica"
Juntamente com tantos desafios, a desinformação ainda encontra um grande espaço para circular narrativas desqualificadas e que colocam em risco a saúde das pessoas. É de suma importância que a consciencialização sobre medidas e estratégias que apresentam fundamento científico, bem como estratégias de combate à desinformação, continuem de forma permanente em curso daqui em diante.
O movimento anti-vacina e anti-ciência tem vindo a encontrar espaços em vários países, num cenário onde temos o desafio das coberturas vacinais para as vacinas contra a COVID-19 e contra outras doenças também.
Sobre os termos
Algumas pessoas podem ficar um pouco confusas em relação à definição de Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional (ESPII) versus Pandemia.
O G1 publicou uma reportagem a explicar estas definições. A ESPII, segundo a plataforma, é um termo técnico que auxilia na implementação e coordenação de esforços globais perante uma ameaça global.