O tesouro de Elvas que (quase) ninguém conhece

Palácio Nacional de Mafra, Mosteiro de Alcobaça, Convento de Cristo, Torre de Belém e Mosteiro dos Jerónimos. A história de Portugal deixou-nos imensas construções e obras que, ainda hoje, impressionam quem as visita. Mas, e aqueles locais que fizeram parte da história do país e que acabam meio esquecidos entre tantos museus e palácios? O Aqueduto da Amoreira, em Elvas, por exemplo, é um deles.

Com os seus quase 8,5 quilómetros de extensão e mais de 800 arcos (alguns com até 31 metros de altura), não deixa espaço para dúvidas: é impressionante. E mais do que deslumbrante, teve um papel importante na narrativa do país.

Um dos maiores exemplares de engenharia hidráulica em Portugal

“A população de Elvas teve problemas com o abastecimento de água, que era feito através de poços situados intra-muros e de fontes nas redondezas que, em caso de guerra, se tornavam inacessíveis. Este problema agravou-se com o aumento populacional até que, em 1498, os procuradores de Elvas pedem a D. Manuel I que o resolva”, começa por explicar a autarquia de Elvas.

"Foi então lançado na povoação o imposto do Real d’Água, que recaía sobre bens de consumo, para futuramente ser construído um aqueduto”.

Apenas em 1622, a água "começou a correr na Fonte da Misericórdia". Não nos surpreende saber, portanto, que atravessa séculos de história, de batalhas e de seca, carregando o precioso líquido até o coração da cidade.

“Possibilitou uma verdadeira era de progresso na cidade depois da sua construção, uma vez que abastecia uma multiplicidade de fontes intra-muros”, lê-se no site da Câmara Municipal de Elvas.

Fora das luzes da ribalta

O que nos deixa surpresos, contudo, é perceber que, apesar de ser uma obra monumental, digna de figurar entre as mais incríveis da engenharia renascentista — e de até ter sido reconhecida como Património Mundial da UNESCO —, o Aqueduto da Amoreira ainda não é tão famoso quanto os seus "primos" de Lisboa ou de Tomar. E isso é uma pena!

Outras das explicações que podem justificar a pouca “fama” desta construção poderá ser a sua camuflagem com a paisagem. Apesar de o aqueduto ser majestoso, acaba por não chamar muita atenção, e até por passar algo despercebido no cenário. Mas faremos com que a história mude: a verdade é que o Aqueduto da Amoreira merece estar no radar de qualquer amante de história e arquitetura.

Se quiser um motivo extra para visitá-lo, aqui vai: passear por Elvas e dar de caras com este gigante silencioso é uma experiência que o fará sentir que descobriu um tesouro escondido. E quem não gosta de um bom segredo de viagem?

O que fazer em Elvas?

Aproveite a escapadinha para explorar as Fortificações da cidade que, além de terem vistas panorâmicas incríveis, são as maiores fortificações abaluartadas do mundo. Será, certamente, uma experiência única e memorável.

Além disso, sugerimos que caminhe pelo centro histórico de Elvas. Com ruas de pedra, edifícios antigos e monumentos como a Sé de Elvas e a Igreja de São Domingos, é um programa encantador. A Praça da República será um ótimo ponto de partida para explorar.

Prove pratos típicos alentejanos em Elvas, como a açorda alentejana, o ensopado de borrego, e as famosas azeitonas de Elvas. Não deixe de experimentar as sobremesas locais, como a sericaia com ameixas, um verdadeiro ícone da gastronomia da região.