O tempo e o clima em 2019, o que aconteceu a nível mundial?
O que aconteceu hidrometeorologicamente falando? Que riscos e impactos foram associados ao tempo e ao clima em 2019? Neste artigo contamos-lhe o resumo da década da Organização Meteorológica Mundial.
Daqui a algumas semanas conclui-se uma década e com ela adicionam-se 10 anos de dados aos estudos climatológicos mundiais. Esta série de tempo caracterizou-se pelas temperaturas elevadas que se refletiram no degelo e subida do mar. Além disso, as concentrações de dióxido de carbono aumentaram ano após ano, sendo 407.8 ppm em 2018, e estimando-se que sejam superadas em 2019.
Esta semana a Organização Meteorológica Mundial (OMM) publicou um resumo das considerações para a Declaração da OMM sobre o Estado do Clima Mundial 2019, que será publicada em março de 2020. Nela menciona-se que a temperatura média mundial durante o período de janeiro a outubro de 2019 esteve 1.1 ± 0.1 °C acima dos níveis pré-industriais (1850-1900).
O que aconteceu hidrometeorologicamente falando?
O gelo marinho reduziu no Ártico, na Antártida e na Gronelândia, nesta última a perda foi de 329 gigatoneladas de setembro de 2018 a setembro de 2019. Os mantos de gelo da Gronelândia e da Antártida também derreteram parcialmente. E em outubro de 2019 foi registado o valor mais elevado do nível do mar à escala mundial desde que começaram a ser registados dados em janeiro de 1993.
Além disso, desde 1750 que o dióxido de carbono na atmosfera aumentou 147%, o metano 259% e o óxido nitroso 123%, o que demonstra um aumento nos gases com efeito de estufa sem precedentes, que por sua vez geraram o incremento do calor e a constante acidificação dos oceanos.
Que riscos e impactos foram associados ao tempo e ao clima em 2019?
Um dos mais notórios foi o da saúde, através das temperaturas altas durante as ondas de calor na Austrália, Índia, Japão e Europa onde tão só nos Países Baixos faleceram 2964 pessoas. Além disso, as mudanças na temperatura favoreceram a transmissão do vírus do dengue.
Como consequência da seca e atraso da temporada de chuvas nalgumas zonas como o sul de África, a produção alimentar ficou abaixo da média, prevendo-se que venha a afetar 12.5 milhões de pessoas em finais de março de 2020. Em contraste algumas zonas do Afeganistão ainda não recuperaram das inundações de março de 2019.
Finalmente, contabilizaram-se mais de dez milhões de novas migrações internas entre janeiro e junho de 2019, destas sete milhões deveram-se a desastres. E estima-se que no final de 2019 a cifra de deslocados climáticos possa aumentar para 22 milhões de pessoas.
Os efeitos das alterações climáticas começam a mostrar-se com eventos meteorológicos extremos cada vez mais comuns, desde a Meteored desejamos que durante a COP25 que se realizou nos últimos dias em Madrid, os países do G20, geradores de 75% de gases de efeito de estufa adquiram os compromissos necessários e urgentes para fazer frente à emergência climática.