O som de trovoada afinal eram "bolas de fogo"
Alguns sons que por vezes se ouvem no céu, e que se assemelham ao som da trovoada, podem por vezes, ter outras explicações. Através da análise de dados de vários satélites, fique a saber mais sobre este tema connosco!
Nas primeiras horas do dia de Ano Novo em Pittsburgh, no Estado da Pensilvânia, alguns moradores afirmaram ter ouvido um estrondo, muito idêntico ao som emitido durante um episódio de trovoadas. Outros residentes nesta área indicaram que sentiram a terra tremer e, tudo isto, levou a muitas chamadas para a linha nacional de emergência (112 em Portugal, 911 nos Estados Unidos da América).
As autoridades locais ficaram, momentaneamente, sem respostas para as solicitações, pois tinham a certeza que não era um sismo nem tão pouco trovoada, mas não faziam ideia do que se tratava. Alguns dias mais tarde, a NASA desvendou o mistério: era, nada mais nada menos, que um bólido (ou bólide), uma bola de fogo muito grande e brilhante (geralmente mais brilhante que Vénus) provocada pela entrada de um meteoro na nossa atmosfera.
O Meteor Watch da NASA confirmou que o meteoro responsável pelo barulho ouvido pesava cerca de 500 quilos, tinha cerca de 1 metro de largura e viajava a uns impressionantes 72.420 km/h. A explosão, que resultou da entrada na nossa atmosfera, libertou uma energia equivalente a 30 toneladas de TNT, tendo sido registada à superfície terrestre numa estação de infrassons nos arredores de Pittsburgh.
Formas de detetar e de esclarecer este tipo de evento
Este tipo de evento, passa muitas vezes despercebido à população pois a maioria das ocorrências relacionadas com bólidos dá-se nos 70% da Terra que estão cobertos pelos oceanos.
Um pouco por todo o mundo, existem países com programas próprios de deteção deste tipo de eventos, baseados em equipamentos que estão localizados no Espaço. É, contudo, importante salientar que a maioria dos programas funciona em terra (por exemplo o NASA All-Sky Fireball Network), ou seja, este tipo de eventos para além de passarem despercebidos à população, também não ficam registados nos equipamentos em terra.
Os investigadores científicos norte-americanos afirmam que, com base nos dados obtidos pelos equipamentos terrestres, os bólidos são relativamente raros, sendo que as suas explosões são extremamente rápidas (apenas uma fração de segundo). Assim, eram necessários outros meios de deteção, baseados no espaço, como é o caso dos satélites.
Por exemplo, o Geostationary Lightning Mapper (GLM), que se encontra a bordo de alguns satélites meteorológicos como o GOES-16 e o GOES-17 (que são propriedade da National Oceanic and Atmospheric Administration, NOAA) consegue detetar estes meteoros que entram na atmosfera a velocidades elevadas, com alta precisão, sendo que deteta bólidos com tamanhos que variam entre os 10 centímetros e os 3 metros.
Utilizando este método, percebeu-se que estas ocorrências são muito mais frequentes do que se pensava, pois entre julho de 2017 e janeiro deste ano foram registados mais de 3000 bólidos, apenas no Hemisfério Ocidental, entre os 55 graus de Latitude Norte e Sul.
A deteção precisa deste tipo de acontecimentos reveste-se de especial importância, pois pode ajudar a avaliar o risco de impacto de meteoros de maiores dimensões, servindo também para estudar a população de asteroides e melhorar a nossa compreensão da evolução do Sistema Solar.