O rescaldo do ciclone Amphan em época de tempestades
Passado quase um mês após a passagem do super ciclone Amphan, o rescaldo continua a ser feito e muito está por reconstruir. Saiba tudo o que aconteceu e tudo o que é possível fazer para mitigar os efeitos destes eventos meteorológicos, connosco!
O super ciclone Amphan afetou partes da Índia e do Bangladesh nos dias 19, 20 e 21 de maio. Foi o ciclone mais poderoso da década a atingir aquela região, tendo provocado 128 vítimas mortais e milhões de deslocados e deixado um rasto de destruição significativa, ainda bastante visível nas áreas mais afetadas.
Os ventos ciclónicos acompanhados por chuvas torrenciais provocaram quebras nas comunicações que, nalguns casos, ainda subsistem atualmente. Um emaranhado de postes elétricos, telefónicos e árvores bloqueou a maioria das ruas e estradas por períodos entre os 4 e os 8 dias, ou até mais. Os telhados das casas e dos demais edifícios públicos foram arrancados com extrema facilidade por ventos que atingiram velocidades na ordem dos 180 km/h.
O Amphan provocou também forte agitação marítima, que nas áreas costeiras se revelou destruidora. Foram registadas inundações em quase toda a linha de costa do Leste da Índia e nas áreas litorais do Bangladesh, áreas de baixa altitude como o delta do Rio Ganges, bastante vulneráveis. A água do mar invadiu inúmeras aldeias, destruindo tudo no seu caminho, afetando ainda a atividade agrícola (de subsistência), essencial para a sobrevivência daquelas populações.
Após a passagem do super ciclone, os sobreviventes tiveram que lidar com o isolamento, já que a grande maioria das estradas esteve intransitável durante períodos consideráveis, devido aos danos causados pelos ventos fortes, pelas chuvas abundantes e consequentes inundações. Em alguns casos, o acesso a alimentação, medicamentos e água potável foi muito limitado, principalmente nos primeiros 4 dias após a passagem do ciclone.
Que impactos deixou nestes países, este super ciclone?
As vítimas deste evento, desalojados e subnutridos, ficaram expostos a um problema ainda mais grave: o contágio com o novo coronavírus. Os casos de Covid-19 aumentaram substancialmente após a passagem do ciclone. E nesta fase em que se procede à reconstrução, e ao regresso progressivo de alguns habitantes evacuados, o risco de contágio e de propagação do vírus é ainda maior.
Muitos milhares de pessoas perderam as suas casas e as suas colheitas, mas podiam ter sido ainda mais já que os governos locais têm conseguido implementar com algum sucesso medidas de prevenção, sobretudo vocacionadas para a evacuação da população de áreas mais vulneráveis. As evacuações de pessoas estão bem treinadas de forma a que se desenvolvam rapidamente para abrigos pré-selecionados. Neste evento, foram evacuados cerca de 2 milhões de pessoas.
O que pode ser feito para a mitigação e prevenção?
Numa área onde a maioria das construções é extremamente frágil e onde o ordenamento do território tem pouca expressão, é importante que as autoridades compreendam a importância das evacuações rápidas, para estruturas mais sólidas (em cimento, por exemplo). O Bangladesh criou nos últimos anos, mais de 13 000 abrigos anticiclone, com o objetivo de salvar o maior número de vidas humanas. Este sistema de evacuações rápidas e eficientes assenta num sistema de monitorização meteorológica bastante moderno e desenvolvido.
Enquanto estes países enfrentam a pandemia do novo coronavírus, desenvolve-se a época dos ciclones, que se espera bastante intensa. Por isto, é importante que este países, que ainda carecem de algum desenvolvimento nas áreas do planeamento e do ordenamento do território, tenham percepção dos riscos e continuem a desenvolver soluções que permitam mitigar os efeitos adversos destes eventos.