O que são ondas de calor marítimas e os seus impactos
Os cientistas da NOAA têm acompanhado uma subida constante das temperaturas oceânicas desde abril de 2023, o que está a causar condições de stress térmico sem precedentes na bacia das Caraíbas, incluindo as águas que rodeiam a Florida e o Golfo do México.
À medida que se obtêm mais dados sobre as temperaturas oceânicas, é possível obterem-se respostas a grandes questões sobre ondas de calor marítimas.
O que são ondas de calor marítimas?
Define-se onda de calor marítima sempre que a temperatura do oceano numa determinada área está acima do percentil 90 durante um período de tempo específico. Isto significa que as temperaturas são mais elevadas do que 90% das observações anteriores para uma determinada altura do ano. As ondas de calor marítimas podem durar semanas, meses ou anos.
Foram detetadas pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) dos EUA condições de ondas de calor marítimas mais isoladas ao largo da costa nordeste dos EUA e ao longo do caminho da Corrente do Golfo. A NOAA também tem estado a monitorizar uma grande onda de calor marítima no Pacífico Nordeste (no Golfo do Alasca) que tem estado ao largo da costa desde finais de 2022.
O Centro Nacional de Dados de Bóias da NOAA recolhe e divulga em tempo real observações marítimas de qualidade controlada, utilizando 1300 bóias, estações de observação meteorológica nos oceanos. As temperaturas globais da superfície do oceano são também monitorizadas diariamente através de medições combinadas por satélite.
Onda de calor do Golfo do México e Mar das Caraíbas
A NOAA detetou que as temperaturas da água no Golfo do México e no Mar das Caraíbas têm estado aproximadamente 1-3˚C acima do normal. As temperaturas no sul da Florida são as mais altas de que há registo (desde 1981).
Dado que estamos na época de furacões no Atlântico e que o Atlântico Norte tropical já está quente, as temperaturas oceânicas extremamente quentes nas Caraíbas e no Golfo do México são preocupantes.
As tempestades tropicais em desenvolvimento que passam pela região podem intensificar-se devido a estas condições. A onda de calor marítima em curso no sul da Flórida pode afetar os ecossistemas marinhos sensíveis da região, como os corais de águas pouco profundas.
A atual onda de calor marítima do Golfo do México está presente há vários meses, com início em fevereiro/março de 2023. As previsões experimentais de ondas de calor marítimas da NOAA indicam uma probabilidade de 70-100% de que as temperaturas oceânicas extremas persistam no sul do Golfo do México e no Mar das Caraíbas até, pelo menos, outubro de 2023. No entanto existe uma confiança baixa a média nesta previsão, dada a grande incerteza das previsões nestas regiões.
O oceano absorve 90% do excesso de calor associado ao aquecimento global. Por conseguinte, sabe-se que as ondas de calor marítimas em todo o planeta estão a aquecer ao longo do tempo.
Alguns impactos das ondas de calor marítimas
Além do impacto direto nos corais, o calor extremo pode ser destrutivo e mortal para outros sistemas marinhos. Uma onda de calor marítima sem precedentes, conhecida como "the Blob", dominou o nordeste do Pacífico de 2013 a 2016 e perturbou e alterou os ecossistemas numa vasta faixa do Oceano Pacífico. Esta situação provocou uma cascata ecológica, causando o colapso das pescas.
O "The Blob" fez com que as presas das baleias se concentrassem invulgarmente perto da costa e uma grave proliferação de algas tóxicas ao longo da costa atrasou a abertura da valiosa pesca do caranguejo.
As baleias aproximaram-se da costa para se alimentarem nas mesmas águas onde ocorre a pesca do caranguejo, o que resultou num recorde de 53 baleias emaranhadas nas redes em 2015 e 55 em 2016.