O que é que as árvores revelam? Novo estudo revela a influência das tempestades solares através dos anéis das árvores
Um novo estudo mostra como os anéis das árvores podem registar o impacto das tempestades solares na Terra e nas suas tecnologias.
As tempestades solares representam um risco significativo tanto para os viajantes espaciais como para a vida na Terra.
Embora estas tempestades possam produzir auroras impressionantes nos pólos, representam também sérias ameaças à tecnologia espacial, aos sistemas de comunicação e até à atmosfera da Terra.
Uma investigação recente, liderada por Amy Hessl da Universidade da Virgínia Ocidental, está a investigar a forma como as condições meteorológicas espaciais extremas deixam vestígios nos anéis das árvores, fornecendo pistas cruciais que poderão ajudar a atenuar os efeitos de futuros eventos solares graves.
A natureza das tempestades solares
As tempestades solares resultam de processos dinâmicos no Sol, incluindo erupções, ejeções de massa coronal e o vento solar, que são impulsionados pelo campo magnético do Sol.
Estes eventos produzem partículas energéticas que interagem com a atmosfera da Terra e podem causar a formação de radiocarbono - um isótopo radioativo do carbono. As árvores absorvem dióxido de carbono da atmosfera para crescer, formando anéis anuais que armazenam registos históricos da atividade solar.
Contexto histórico dos eventos de Miyake
Os registos de anéis de árvores datam de há centenas de anos e forneceram provas de vários eventos Miyake, com o primeiro evento documentado a ocorrer em 774 d.C. e outro em 993 d.C.
O evento mais recente foi identificado há apenas 12 anos e os investigadores descobriram um total de nove eventos deste tipo nos últimos 14.000 anos.
Estes eventos assinalam aumentos rápidos nos níveis de radiocarbono, que podem ser detetados nos anéis das árvores que viveram durante este período. Como explica Hessl:
Crescimento das árvores e absorção de radiocarbono
Historicamente, presumia-se que as árvores absorviam o radiocarbono de forma homogénea. No entanto, Hessl e a sua equipa descobriram que as árvores podem absorver este isótopo de uma forma enviesada.
Estudaram várias espécies de árvores, incluindo coníferas de folha perene do Utah e pinheiros de Bristlecone, ciprestes carecas da Carolina do Norte e carvalhos preservados em leitos de rios do Missouri.
Em particular, as árvores que viveram durante um evento Miyake teriam registado esse evento nos seus anéis, mas as taxas de absorção variam entre espécies e localizações geográficas.
Implicações para a preparação futura
A investigação conduzida por Hessl sublinha a necessidade de uma preparação avançada para os perigos potenciais de tempestades solares graves. Com a crescente dependência de satélites para comunicações e navegação, é fundamental compreender o impacto histórico dos fenómenos solares na nossa infraestrutura tecnológica. Como salienta Hessl:
Os anéis das árvores não só preservam registos de acontecimentos climáticos, como também documentam a atividade solar, o que os torna inestimáveis para compreender tempestades solares passadas e prever acontecimentos futuros.
Embora as tempestades solares representem riscos significativos, a investigação sobre anéis de árvores oferece uma nova abordagem para compreender e preparar-se para estes eventos.
Ao examinar o registo histórico dos anéis das árvores, os cientistas podem desenvolver uma melhor compreensão da forma como a atividade solar tem afetado a Terra ao longo dos milénios.
Os resultados do estudo de Hessl sublinham a importância da utilização de dados fiáveis provenientes de instrumentos de registo naturais, como as árvores, para prever e atenuar o impacto de fenómenos solares extremos na nossa sociedade tecnológica.