O que é esta planta espantosa, prima do ananás, que consegue medir a poluição atmosférica?
Enquanto alguns chilenos suspeitam que o ar está poluído por metais tóxicos, um estudo revelou que uma planta relacionada com o ananás é um “excelente indicador” dessa poluição.
No Chile, um dos países mais poluídos da América do Sul, 98,6% da população está exposta a “riscos significativos para a saúde” devido à poluição atmosférica, segundo um estudo da OCDE realizado em 2024.
Alguns habitantes suspeitam mesmo de poluição por metais tóxicos: os investigadores descobriram uma planta capaz de a medir! Eis algumas explicações.
Uma planta que retira os seus nutrientes do ar
O Chile, um país situado entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico, é constituído por numerosas “zonas de sacrifício ambiental”, ou seja, territórios onde a qualidade de vida e o ambiente foram gravemente degradados pelas atividades industriais. É o caso, nomeadamente, da província de Chacabuco, a norte da capital Santiago.
Os habitantes da província suspeitam de poluição atmosférica por metais tóxicos, uma vez que a zona é o centro de uma intensa atividade mineira e industrial. A análise dos aerossóis, partículas em suspensão presentes na zona urbana, confirmou a presença de metais e metalóides no ar.
Para ir ao fundo da questão e, sobretudo, para saber se esta poluição poderia persistir a longo prazo, cientistas franceses, espanhóis e chilenos tentaram cruzar esta perceção humana e estas análises do ar com análises químicas no terreno. O seu estudo, publicado na revista Environmental Geochemistry and Health, é surpreendente.
O estudo revela que uma planta chamada Tillandsia bergeri, uma prima do ananás (as suas folhas assemelham-se às do fruto), é de facto um “excelente indicador da qualidade atmosférica”. Tal como o ananás, pertence à família das Bromeliaceae e é uma planta epífita que cresce sobre outras plantas ou qualquer outro suporte, absorvendo os nutrientes do ar.
Um risco acrescido de cancro?
Em experiências realizadas na província de Chacabuco, esta planta acumulou “metais e metalóides” nos seus tecidos, absorvendo-os do ar: arsénio, cobre, crómio e zinco. O facto de esta planta ser enriquecida em metais, mas também as taxas de contaminação calculadas no ar, demonstram o impacto desta contaminação ao longo de vários meses!
Em caso de exposição pontual e localizada, a análise dos riscos associados à inalação destas partículas metálicas ainda não revelou qualquer perigo imediato ou risco acrescido de cancro para os residentes locais. No entanto, é possível um risco potencial para a saúde ligado à exposição crónica a longo prazo, bem como consequências ambientais graves.
Em todo o caso, este estudo e o diálogo entre os investigadores e as populações locais forneceram dados preciosos em matéria de saúde pública, nomeadamente sobre as condições de vida nestas “zonas de sacrifício ambiental”.
Referências da notícia
Geo. Une plante cousine de l'ananas se révèle un formidable indicateur de la pollution de l'air.