O que é esta estranha forma semi-circular na Baía de Hudson, no Canadá? O mistério do Arco de Nastapoka
Existe uma estranha estrutura perfeitamente circular na Baía de Hudson, no nordeste do Canadá, chamada Arco de Nastapoka. Há décadas que os cientistas se interrogam sobre a sua origem, mas o mistério ainda não foi resolvido.
Se olhar para um atlas geográfico ou navegar na Internet num dos muitos mapas de satélite do mundo disponíveis, pode deparar-se com muitas características curiosas da geografia da Terra. Uma delas pode ser encontrada no Canadá, na parte oriental da Baía de Hudson. Aqui, a norte da Baía de Lames, o "dedo" caraterístico que se estende para sul a partir da baía, pode ver uma enorme estrutura circular.
Um arco perfeitamente circular, que não pode escapar à atenção de um observador atento. De facto, o que surpreende é a sua forma quase perfeitamente circular, quando se esperaria um litoral recortado como acontece na maioria dos casos.
Estamos diante do Arco de Nastapoka, e o mistério das causas desta forma circular motivou numerosos estudos e expedições.
Um asteroide enorme?
Uma das hipóteses que circularam no passado foi a de um impacto de asteroide. Também no Canadá, a alguns milhares de quilómetros do Arco de Nastapoka, a leste, encontra-se o "olho do Quebeque", o lago Manicouagan, uma grande bacia de água doce com um diâmetro de cerca de 70 km, com uma forma anelar muito caraterística resultante do impacto de um enorme meteorito.
A primeira coisa que salta à vista, no entanto, quando se comparam as dimensões entre o Arco de Nastapoka e o Lago Manicouagan, é o tamanho. O lago canadiano tem um diâmetro de cerca de 70 km, enquanto o Arco de Nastapoka, se fosse completado com uma bússola, teria 450 km de diâmetro.
Estaríamos, portanto, perante um meteorito de dimensões inimagináveis. No entanto, nenhuma via está excluída e há décadas que os geólogos tentam perceber se esta estrutura peculiar é, de facto, o resultado do impacto de um meteorito apocalítico, mas não encontraram provas.
Um estudo geológico de campo, realizado nos anos 70, não revelou nenhum dos indícios de impacto, tais como rochas fundidas, fraturas radiais, etc.
A hipótese do meteorito é, portanto, atualmente deixada de lado, embora alguns cientistas tenham especulado que os vestígios do impacto de um asteroide possam ter sido apagados por processos geológicos, e novas hipóteses estão a ser exploradas.
Fruto de uma antiga colisão continental?
Hoje em dia, os geólogos acreditam geralmente que o arco é o resultado de uma colisão continental, informa a NASA num artigo, um episódio de formação de montanhas com 2 mil milhões de anos chamado orogenia Trans-Hudson, que poderia ter levado à primeira formação do continente norte-americano.
Segundo esta teoria, o arco de Nastapoka seria o vestígio remanescente até aos nossos dias de um limite de placas tectónicas em forma de arco e teria, portanto, uma origem tectónica.
Com base em estudos de modelização numérica, em estudos geológicos regionais e na ausência de provas de um impacto de um corpo extraterrestre, existe atualmente um consenso geral sobre esta teoria da origem tectónica.