O pior tempo da Semana Santa do Século XXI
Em apenas 17 dias, “desfilaram” pelo nosso país a Depressão Emma, a Tempestade Felix e agora a intempérie Gisele. Muitos portugueses temem que a Páscoa deste ano seja como a de 2013, a mais chuvosa do século XXI!
São poucas as Semanas Santas que se livram da instabilidade primaveril. Não se trata de azar, mas porque justamente a escolha do calendário para a Páscoa da Ressurreição coincide com a transição inverno-primavera. O desabrochar da primavera, tipicamente instável, ocorre em fins de março, inícios de abril estando associado ao período da Páscoa e à eclosão dos prados, das flores e também dos cúmulonimbos.
No arquivo histórico da Semana Santa realça-se a variabilidade dos mapas. Os cenários analisados durante esse período quase nunca são iguais, saltando à vista a instabilidade da primavera. No século XXI, o período festivo com mais cargas de água foi no ano de 2013. Carregado de nuvens e chuva, autênticos temporais reduziram guarda-chuvas a uma certa insignificância!
2013, um desastre absoluto
A Semana Santa de 2013 foi desafiada pela chuva diabólica que caía furiosamente do céu português. A precipitação abundante levou deixou terrenos encharcados e ruas completamente alagadas. Em todo o território português, vários foram os cidadãos fiéis às tradições pascoais que se queixaram da ferocidade do estado de tempo.
Refira-se um cidadão de Elvas, distrito de Portalegre, que quando se viu perante a impossibilidade de não poder comer borrego no campo afirmou: “Não podemos deixar perder estas tradições, já estou aqui desde a semana passada, e só levanto a tenda na segunda-feira, este ano há muito menos gente, o tempo não tem ajudado mas enfim temos de estar preparados para tudo”.
Cidade | Dia 24 | Dia 25 | Dia 26 | Dia 17 | Dia 28 | Dia 29 | Dia 30 |
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Viana do Castelo - Chafe | 21,8 | 34,4 | 71,3 | 16 | 12,2 | 57 | 1,3 |
Vila Real | 12 | 41,4 | 28,3 | 4,9 | 4 | 88 | 3,2 |
Porto/Pedras Rubas | 10,9 | 23,9 | 33 | 13,2 | 9,1 | 68,1 | 0,5 |
Lisboa/Montijo | -- | -- | 10,9 | 5,1 | 1 | 2 | -- |
Portalegre | 2,9 | 19,4 | 46 | 17 | 4,6 | 35,4 | 1,6 |
Faro/Aeroporto | 2,5 | 0,5 | 1 | 3 | 0,8 | 4,1 | 9,9 |
Ponta Delgada/Nordela Açores | -- | 39,1 | 6,1 | 2,3 | 7,1 | 2 | -- |
Funchal | -- | -- | -- | -- | -- | -- | -- |
Registos de precipitação na Semana Santa de 2013 em Portugal |
A norte, na cidade de Braga, o famoso cortejo religioso “Ecce Homo” chegou mesmo a ser cancelado por força da chuva que caía nesse dia, estragando o momento alto da Semana Santa bracarense. Assim, a impossibilidade de escoar a água devidamente nas cidades e nos campos, por força da feroz velocidade com que esta precipitava abundantemente dos céus, levou ao cancelamento de várias festividades alusivas à Páscoa.
Na tabela é claramente visível o aumento crescente da quantidade de precipitação entre os dias 24 e 26 de março das oito cidades analisadas. Há um padrão de abrandamento progressivo do ritmo de chuva nos dois dias seguintes, em especial no dia 28, em que praticamente não se sentiu chuva em todo o país, à exceção de Viana do Castelo e do Porto. A chuva retornou de forma devastadora nas 24 horas seguintes a todo o país.
No dia 30 praticamente não choveu em Portugal, ainda que no Algarve tenha chovido bastante comparativamente aos restantes territórios de Portugal Continental. Se nos dias anteriores, a chuva não foi um incómodo para os farenses, no penúltimo dia do mês ela fez-se sentir. A norte do Algarve, quando olhamos para os dados relativos à capital, esta foi uma das cidades que excecionalmente não foi alvo da “tempestade no copo de água” nacional. Ainda assim, fazemos votos de que a Semana Santa de 2018 não seja tão chuvosa como há cinco anos atrás!