O país que declarou feriado nacional para plantar 100 milhões de árvores
Numa iniciativa governamental o Quénia consegue mobilizar milhares de pessoas para plantar árvores e enfrentar as alterações climáticas. O objetivo é plantar 15 mil milhões de árvores em 10 anos.
No dia 13 de novembro milhares de pessoas de todas as idades dedicaram-se à plantação de árvores em vários locais do país, como medida para enfrentar as alterações climáticas. Isto aconteceu no Quénia, que declarou a data como feriado nacional: 'Dia Nacional do Cultivo de Árvores'.
A iniciativa pretende plantar 15 mil milhões de árvores em 10 anos, com a participação dos cidadãos. O objetivo é proteger e reabilitar as zonas húmidas do país, segundo o presidente William Ruto.
O governo nacional forneceu gratuitamente as mudas e apelou à população para aderir à iniciativa nas áreas designadas. Também incentivou os quenianos a comprar pelo menos duas mudas para plantar nas suas próprias terras.
Foi o próprio presidente quem liderou o lançamento da iniciativa, na cidade de Makueni, no leste do país, enquanto ministros do seu gabinete participavam noutras regiões juntamente com governadores e outros responsáveis.
Ruto apelou à proteção das zonas húmidas e das florestas e destacou a importância de proteger as áreas de captação de água. Isto, explicou ele, irá garantir que o país tenha melhores condições climáticas, um melhor ambiente, chuvas regulares e adequadas para apoiar a agricultura.
“Se existe um programa que terá um impacto significativo na consecução dos nossos objetivos de segurança alimentar, é a proteção do ambiente”, disse Ruto.
Um dos locais de plantação ficava perto da nascente do segundo maior rio do Quénia, o Athi. Dezenas de pessoas reuniram-se ali, incluindo soldados e moradores, alguns com as suas famílias.
"Vim plantar árvores aqui porque os nossos níveis de água têm diminuído. Mesmo aqui, na nascente do rio, os níveis estão muito baixos, pois as árvores foram cortadas", disse Stephen Chelulei, um morador local.
Através da aplicação Jaza Miti, os participantes puderam receber conselhos e informações sobre os tipos de solo adequados para cada variedade de planta, e registar as suas atividades, como espécie, número e data do plantio.
A ministra do Ambiente, das Alterações Climáticas e da Floresta, Soipan Tuya, disse na segunda-feira (20) que a resposta foi “surpreendente” e que dois milhões de utilizadores registaram-se na aplicação naquele dia.
Controvérsias e críticas
Algumas vozes criticaram o feriado, segundo a BBC. A ambientalista Teresa Muthoni disse à rede britânica que, embora a iniciativa seja “uma ideia muito boa”, não foi organizada de forma a garantir a participação de todos os quenianos, especialmente daqueles que vivem em zonas urbanas.
Muthoni destacou ainda que algumas espécies selecionadas para a atividade não eram adequadas ao território do país e descreveu-as como “exóticas”.
Outros questionaram a iniciativa, alegando que, embora o governo promova estas ações participativas para plantar árvores, toma poucas medidas para impedir a exploração ilegal de florestas.
Por sua vez, o governo garantiu que está a tomar medidas contra a exploração madeireira ilegal e defendeu a iniciativa. “Continuaremos a proteger o nosso ambiente e a garantir que deixaremos uma nação da qual a geração futura se irá orgulhar”, disse Ruto.