O outono chegou! Porque as folhas das árvores mudam de cor?
O outono chegou ao hemisfério norte e, com a entrada nesta estação, existem sempre novidades no tempo, clima e natureza. Uma das mais interessantes é a troca de cor que ocorre nas folhas de algumas árvores. Aqui explicamos porquê e apresentamos outras curiosidades outonais!
O outono, estação do ano na qual acabámos de entrar (equinócio a 23 de setembro às 02:04 da madrugada), é a que sucede o verão e antecede o inverno. Nas regiões de clima temperado, onde Portugal se insere, a estação outonal é marcada pela descida gradual da temperatura e pela queda das folhas das árvores, que abandonam o verde e oferecem-nos uma deslumbrante amálgama de tonalidades amarelas e castanhas, às quais se acrescentam também, por vezes, tons laranja, vermelho e roxo. Este processo é explicado graças à Química e, essencialmente, indica a passagem das estações!
Por razões latitudinais e geográficas, no hemisfério norte, o outono ganha a designação de outono boreal, ao passo que no hemisfério sul adquire a denominação de outono austral. À semelhança da primavera, o início do outono caracteriza-se pelo momento exato no qual os raios do Sol incidem perpendicularmente à linha do Equador. Este fenómeno, o equinócio, resulta num dia e noite com duração iguais e acontece duas vezes por ano (outono e primavera).
Um outro aspeto curioso, também relativo aos hemisférios, é que quando é outono no hemisfério norte, no hemisfério oposto é primavera e vice-versa. No hemisfério norte, e neste ano de 2022, terminará no dia 21 de dezembro. O outono é mais típico nos países mais afastados da Linha do Equador, a norte do Trópico de Câncer, e a estação é mais curta conforme a proximidade ao Pólo Norte.
Principais características climáticas do outono no mundo e em Portugal
Além de ser uma estação típica de regiões com clima temperado ou subtropical, os dias tornam-se progressivamente mais curtos e as noites mais longas, o que se verifica através de uma gradual diminuição da luz solar diária ao longo das jornadas. Também ocorre uma descida gradual térmica, à medida que os dias vão decorrendo. Como se não bastasse, o vento aumenta a sua incidência e os nevoeiros matinais tornam-se cada vez mais frequentes.
Começam a ser mais comuns também as geadas e a queda de neve. Também é registada uma diminuição da humidade do ar e muitas espécies arbóreas registam a perda da folhagem. Por último, há um período de calor anómalo, (mas climatologicamente típico desta estação) que, em geral, pode acontecer no fim de outubro ou início de novembro. No nosso país é-lhe atribuído o nome de “verão de São Martinho”.
De acordo com a normal climatológica de referência, nos meses de outono, a temperatura máxima média em setembro em Portugal continental é de 24,6 ºC, em outubro é de 18,7 ºC, em novembro é de 14,1 ºC e em dezembro é de 11,3 ºC. Já a temperatura mínima média nestes quatro meses é, respetivamente, 13,0 ºC; 9,8 ºC; 6,9 ºC e 4,9 ºC. Quanto à precipitação média mensal nestes quatro meses, entre setembro e dezembro, os valores são de, respetivamente, 33,7 mm; 105,7 mm; 134,3 mm e 150,0 mm.
A importância da clorofila
O tom verde presente nas folhas existe graças ao pigmento clorofila. As moléculas da clorofila absorvem a luz solar na região do vermelho e do azul e assim, a luz refletida pelas folhas tem falta destes dois tons, o que faz com que aquilo que vemos seja verde! A clorofila não é uma molécula estável e precisa de ser permanentemente sintetizada pelas plantas. Isto exige sol e calor constantemente. Todavia, com o outono, multiplicam-se os dias mais frios e com menor quantidade de luz solar diária.
Nas plantas de folha caduca a produção de clorofila interrompe e a cor verde vai desaparecendo, o que permite que sejam observados outros pigmentos igualmente existentes nas folhas. Um destes pigmentos é o caroteno, que absorve luz na região do azul e azul-esverdeado, refletindo-a depois como amarela. Os pigmentos de caroteno são significativamente mais estáveis que a clorofila, e quando esta se dissipa das folhas, os carotenos são os que conferem a coloração amarela-dourada.
A meteorologia influencia as cores outonais?
Por último, outro grupo de pigmentos são as antocianinas. Estas absorvem a luz, do azul até ao verde vivo. Desta forma, a luz refletida pela folhagem que contém antocianinas aparecem avermelhadas! As antocianinas resultam da reação de açúcares com células vegetais.
A acumulação gradual de açúcar causa a síntese de antocianinas no fim da época estival (verão), o que expõe os tons avermelhados das folhas outonais. Este grupo de pigmentos é também o responsável pela cor das rosas, uvas pretas e frutos vermelhos.
Efetivamente, as cores outonais dependem imenso do estado de tempo. As temperaturas baixas e a menor quantidade de incidência solar vão destruindo a clorofila, o que acaba por estimular a criação de antocianinas.
Estas dependem da concentração de açúcar nas folhas, a qual aumenta com o tempo seco. Isto significa que as cores mais incríveis e deslumbrantes do outono surgem por meio de dias secos e soalheiros, seguidos de noites frias!