O maior lago de África está a sofrer devido à presença de bactérias mortais
A ação do ser humano pode estar a colocar em risco a sustentabilidade de um dos maiores lagos do mundo. Fique a saber mais sobre este tópico, na nossa página!
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O lago Victória tem uma área de quase 70 000 Km2, dividido administrativamente por 3 países: a Tanzânia, o Uganda e o Quénia. É o maior lago do continente africano, o segundo maior do mundo e o maior lago em latitudes tropicais, sendo atravessado pela linha imaginária do Equador.
Este lago tem a particularidade de se situar num planalto, a mais de 1000 metros de altitude, sendo que a profundidade média é de apenas 40 metros. Devido à sua configuração geomorfológica é considerado uma das nascentes do Rio Nilo. Uma avaliação do estado de saúde (qualidade da água) do lago identificou uma série de problemas que podem comprometer o seu futuro.
Bactérias e outros organismos
Os lagos são importantes estruturas que fornecem água, alimentos e habitats à vida selvagem, sendo um pilar importante das economias locais. Contudo, os maiores lagos do mundo estão a ser ameaçados por bactérias tóxicas que estão a fazer com que a água fique verde.
Algumas cianobactérias, extremamente perigosas para a saúde dos humanos, desenvolvem-se em lagos cuja temperatura da água é mais elevada e que contêm excesso de nutrientes de nitrogénio e fósforo, derivados da utilização de fertilizantes e de águas residuais não tratadas. A rápida multiplicação das cianobactérias acaba por formar uma espuma verde e malcheirosa, conhecida no meio académico como cyanoHabs (afloramento perigoso de cianobactérias, numa tradução livre).
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Estas bactérias, em conjugação com outras toxinas, tornam-se prejudiciais para o gado, para vida selvagem e para os seres humanos. A água perde oxigénio e todos os seres vivos que nela habitam morrem, criando problemas nas cadeiras alimentares e nas atividades económicas, nomeadamente na pesca.
As bactérias e toxinas acima identificadas representam problemas, não só no Lago Vitória como em muitos outros lagos, de diferentes dimensões e em diferentes continentes.
Novas perspetivas
Este estudo recente procurou obter respostas para esta ocorrência, já que os lagos africanos são bem menos estudados que os lagos noutros continentes. Os investigadores incidiram os seus estudos no Golfo de Winam, na parte do lago controlada administrativamente pelo Quénia. Nesta área, em específico, as águas são pouco profundas e, para além disso, a densidade populacional tem vindo a aumentar substancialmente.
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O objetivo principal passa por identificar as cianobactérias mais abundantes naquela parte do lago e dessas, as que produziam as toxinas mais perigosas, tendo assim um impacte positivo na segurança dos seres humanos e dos animais domésticos e selvagens.
As técnicas utilizadas na análise evoluíram, sendo que a microscopia deu lugar à análise do DNA, que permite identificar e distinguir as cianobactérias não-tóxicas, das tóxicas.
Desta forma, foi possível identificar as cianobactérias microcystis e dolichospermum como as que mais incidem naquela área do Lago Victória. Estas têm um potencial mortífero, nos seres humanos, mas também nos animais selvagens e domésticos, atacando especificamente o fígado.
Se nada for feito, esta situação terá tendência a piorar. Com cada vez mais pessoas a viver nas margens deste lago, a quantidade de nutrientes é cada vez maior, resultando num crescimento excessivo de algas e plantas aquáticas, bem como no aumento da concentração de bactérias.
Referência da notícia
Zepernick BN, Hart LN, Natwora KE, Brown KM, Obuya JA, Olokotum M, Okech EO, Keating NG, Lomeo D, Tebbs EJ, , Sheik CS, Sherman DH, Dick GJ, Wilhelm SW, Drouillard KG, Lawrence T, Getabu A, Owuor B, Shitandi A, Omondi R, Njiru J, Sitoki L, Otiso KM, McKay RML, Bullerjahn GS.2024. Metagenomic sequencing of cyanobacterial-dominated Lake Victoria - an African Great Lake. Microbiol Resour Announc13:e00798-24.