O fumo dos incêndios florestais cria espiral de "nuvens de fogo" no Canadá
Neste verão, os incêndios florestais no norte da Colúmbia Britânica e Alberta, Canadá, desencadearam uma tempestade de nuvens de fumo, designadas por pirocumulonimbus, que alcançaram altitudes surpreendentes. Saiba mais aqui!
Durante o verão de 2023, uma série de incêndios florestais assolou as regiões boreais do norte da Colúmbia Britânica e Alberta, no Canadá. Tais eventos contribuíram para rastos de destruição e forçaram evacuações em cidades próximas. Estes incêndios não apenas consumiram extensas áreas de floresta, mas também desencadearam uma série de eventos climático-atmosféricos que impressionaram investigadores e a comunidade científica, em geral, a nível internacional.
Um espetáculo aterrorizante dos céus com tempestade de "nuvens de fogo"
Em meados de setembro de 2023, uma tempestade imponente de nuvens fumarentas surgiu nos céus do Canadá, estendendo-se por centenas de quilómetros. Esta visão assombrosa, para alguns, foi capturada por satélites, tal como o VIIRS (Visible Infrared Imaging Radiometer Suite) do satélite NOAA-20, a 16 de setembro de 2023. O fenómeno foi desencadeado por uma sucessão de ventos de intensidade elevada associados a uma frente fria.
Esta frente originou ventos com rajadas até 65 quilómetros por hora, que não apenas intensificaram os incêndios, mas também alimentaram a formação de nuvens de “fumaça”, conhecidas como pirocumulonimbus ou de "nuvens de fogo". Estas nuvens, produzidas pelo calor intenso e convecção geradas pelos incêndios, funcionaram como chaminés gigantes. Foram visíveis cinzas a vários quilómetros em redor destas ocorrências.
Cientistas descrevem imagens notáveis dos incêndios e as nuvens de fumo no Canadá
Os meteorologistas referiram que os satélites geoestacionários capturaram imagens únicas dos incêndios a leste de Fort Nelson, na Colúmbia Britânica, e a sul de Rainbow Lake, em Alberta, na noite de 15 de setembro, que evidenciam altitudes muito significativas atingidas pelas nuvens de fumo. Scott Bachmeier, meteorologista canadiano, descreveu estes eventos como verdadeiramente impressionantes no seu relato para o blog do Cooperative Institute for Meteorological Satellite Studies (CIMSS).
Relatou, aliás, que, após o fumo se ter soerguido e arrastado dentro da circulação de um sistema de baixa pressão que passava, as medições de aerossóis atingiram níveis sem quaisquer precedentes.
Acrescentou ainda que eventos semelhantes foram observados em meados de agosto e início de setembro, quando os valores do índice de aerossol eram quase tão altos quanto nesta ocorrência.
Além disso, Hiren Jethva, investigador de Morgan State University, baseou a sua análise no Goddard Space Flight Center da NASA e em dados disponíveis a partir de um sensor LIDAR no ICESat-2 da NASA, para medir a altura da pluma de fumo.
Os resultados revelaram que a nuvem de fumo se estendeu entre 6 a 11 quilómetros de altitude, avivando as expectativas e o interesse na compreensão de como os aerossóis libertados durante episódios com este afetam o orçamento de radiação.
Estes eventos atmosféricos não estão apenas a aguilhoar o interesse da comunidade científica, como também levantam questões relacionadas com a gravidade dos incêndios florestais em contexto de alterações climáticas.