O clima no Pacífico alerta para a crescente ameaça da mudança climática
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), as temperaturas à superfície do mar em algumas zonas do Sudoeste do Pacífico estão a aumentar mais do triplo da média global.
As catástrofes relacionadas com o clima que têm ocorrido no Sudoeste do Pacífico, com graves consequências para a região, têm alertado os cientistas para a crescente ameaça das alterações climáticas.
Impactos mais relevantes da mudança climática no SW do Pacífico
Além das temperaturas à superfície do mar estarem a aumentar mais do triplo da média global e a prejudicar os ecossistemas vitais em zonas do Sudoeste do Pacífico, tem-se verificado também a subida do nível do mar, que representa uma ameaça grave para as ilhas baixas da região e a sua população.
Em parte, devido ao evento La Niña, registaram-se recentemente condições de tempo seco em grande parte do Pacífico equatorial (condições mais húmidas em regiões do Sudeste Asiático e Austrália) e as temperaturas na região foram mais baixas do que nos anos anteriores. Mas isto não inverteu a tendência de aviso a longo prazo, nem abrandou outros impactos das alterações climáticas.
A subida do nível do mar, que tem continuado na região, é um dos fenómenos que pode ter consequências graves para a região. Existem muitos países insulares na região e a maioria das grandes cidades estão em zonas costeiras. Esta tendência pode aumentar as vulnerabilidades na região em relação a tempestades, a inundações e erosão costeira, segurança alimentar e hídrica, e, em última análise, habitabilidade e sustentabilidade da região.
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), em 2021, a região registou 57 situações de risco natural, 93% dos quais foram inundações e tempestades.
No total, 14,3 milhões de pessoas foram diretamente afetadas por estas catástrofes, causando prejuízos económicos totais de 5,7 mil milhões de dólares. Os prejuízos económicos causados pelas tempestades aumentaram 30% e mais do que duplicaram em relação às inundações, em comparação com as duas últimas décadas.
Necessidade de adaptação à mudança climática
Apesar de ser uma das regiões mais afetados pelas alterações climáticas, muitos países da região do Sudoeste do Pacífico não dispõem de instrumentos suficientes para se adaptarem. Existem grandes lacunas nos sistemas de observação e nos serviços de alerta precoce.
A região é, portanto, um dos alvos prioritários de uma nova iniciativa/projeto das Nações Unidas, designado “Alertas Precoce para Todos”, que tem como objetivo assegurar que todas as populações na Terra sejam alertadas e protegidas em relação a eventos extremos.
Dado que as inundações e os ciclones tropicais são responsáveis pelas maiores perdas económicas, o investimento de adaptação deve ser direcionado para a priorização de ações de antecipação e preparação para estes acontecimentos.
Os Relatórios de Catástrofes Ásia-Pacífico ESCAP (“Economic and Social Commission for Asia and the Pacific”) 2021 e 2022 estimam que no Sudoeste do Pacífico, os investimentos em adaptação teriam de ser mais elevados na Indonésia, com 8,8 mil milhões de dólares, seguidos pelas Filipinas, com 5,5 mil milhões de dólares. Como percentagem do PIB do país, o custo mais elevado é estimado para Vanuatu em 9,6%, seguido por Tonga em 8,6%.