O calor urbano mortífero triplicou nas últimas décadas
De acordo com um novo estudo, a exposição dos habitantes das cidades ao calor urbano triplicou nas últimas três décadas. Saiba tudo aqui!
As alterações climáticas e o crescimento em expansão das populações urbanas levaram a um aumento rápido e muito notável da exposição dos habitantes das cidades ao calor urbano.
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Segundo um novo estudo realizado por cientistas norte-americanos, este fenómeno agravou-se nos últimos 30 anos e, se esta tendência continuar, a vida na cidade tornar-se-á cada vez mais difícil e mortal.
Porque é que está a ficar mais quente nas cidades?
Investigadores das universidades do Arizona, Califórnia, Colúmbia e Minnesota procuraram, recentemente, descobrir porque é que as áreas urbanas são mais quentes do que as áreas rurais. Analisaram dados de mais de 13 mil cidades de todo o mundo e encontraram o que parece ser uma "bomba-relógio" na vida dos habitantes desses locais.
No estudo "Exposição da população urbana mundial ao calor extremo", publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, os especialistas descrevem pormenorizadamente que a extinção da vegetação e a proliferação de materiais de construção, como o betão e o asfalto, criaram um estranho efeito térmico (ilha de calor) onde o calor se acumula na área.
Embora este fenómeno tivesse sido detetado já na década de 1960, as alterações climáticas e o número crescente de pessoas que deixam as comunidades rurais para trabalhar e viver nas cidades aceleraram-no. Esta análise constatou que a percentagem de calor urbano triplicou nas últimas três décadas.
Como é medido o calor urbano?
Para chegar a esta conclusão, os peritos utilizaram uma medida que tem em conta a temperatura, humidade, vento, radiação solar e os seus efeitos sobre a saúde das pessoas. Esta medida, chamada Temperatura do Globo de bulbo húmido (Wet Bulb Globe Temperature), atingiu, em média, 30 ºC, sendo que se traduziu em mais de 5 ºC nas cidades do que nas áreas rurais.
Graças a esta análise, foi possível calcular que quase um quarto da população mundial é afetada pelo calor urbano, o que poderia ter consequências na economia e mesmo na saúde e mortalidade dos seus habitantes.
Algumas das cidades mais afetadas pelo calor são Daca, no Bangladesh; Shanghai e Guangzhou, na China; Yangon, em Mianmar; Banguecoque, na Tailândia; Dubai, nos Emirados Árabes Unidos e Hanói, no Vietname. A Cidade do México foi listada como a cidade mais quente da América Latina.
Com os resultados do estudo, as cidades terão de implementar várias estratégias para reduzir os seus níveis de calor e ajudar as suas populações. Caso contrário, esta situação poderá tornar a vida nas grandes metrópoles impossível.