O ano 2023 foi o 2º ano mais quente em Portugal continental desde 1931
O ano de 2023, em Portugal continental, classificou-se, do ponto de vista climatológico, como um ano extremamente quente em relação à temperatura do ar e seco em relação à precipitação.
Em 2023, à semelhança da Europa, Portugal continental teve o 2º ano mais quente registado, tendo sido 2022 o ano mais quente.
A temperatura em 2023 foi o 2º valor mais alto desde 1931
De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) em Portugal continental, no ano de 2023, o valor médio anual da temperatura média do ar, 16,59 °C, foi 1,04 °C acima do valor normal 1981-2010. De referir que nos últimos 10 anos os valores médios estiveram quase sempre acima da normal.
Desde 1931, dos 30 anos mais quentes em Portugal continental, 22 ocorreram depois de 1990 e 18 depois de 2000.
O valor médio da temperatura máxima do ar, 22,41 °C, foi o 2º valor mais alto desde 1931 com uma anomalia de +1.57 °C em relação ao valor normal. O ano com o valor médio da temperatura máxima do ar mais alto foi 2017, com 22,82 °C. Os últimos 12 anos registaram sempre anomalias positivas.
O valor médio da temperatura mínima do ar, 10,76 °C, foi o 9º valor mais alto desde 1931 com uma anomalia de +0,50 °C, em relação ao valor normal. O ano com o valor médio da temperatura mínima do ar mais alto foi 1997, com 11,26°C.
O maior valor da temperatura máxima foi 46.4 °C, registado em Santarém no dia 7 de agosto, enquanto que o menor valor da temperatura mínima foi -7.8°C, registado no Sabugal no dia 19 de dezembro.
Ao longo do ano foram ultrapassados alguns recordes de temperatura máxima e mínima. Foram registados extremos diários da temperatura máxima em 102 estações, dos quais 9 ocorreram em agosto, extremos diários da temperatura mínima, maior valor, em 38 estações, dos quais 1 ocorreu em agosto e 11 estações registaram extremos diários da temperatura mínima, menores valores, em janeiro.
Em 2023, no que diz respeito à distribuição espacial da temperatura média do ar verifica-se que os desvios foram superiores ao normal em quase todo o território do continente, ocorrendo os maiores desvios em especial no interior norte, nalguns locais do vale do Tejo, Alto Alentejo e interior do Baixo Alentejo. O maior desvio da temperatura média em relação ao valor normal registou-se em Mora com + 1.95°C e o menor desvio em S. Pedro de Moel, com -0.35 °C.
Durante todo o ano de 2023 tivemos valores médios mensais da temperatura máxima do ar superiores ou próximos do valor normal (1981-2010). As anomalias positivas, superiores a 2 °C, ocorreram nos meses de abril, a mais alta desde 1931, maio, 10ª mais alta desde 1931, agosto, 5ª mais alta desde 1931 e outubro, 10ª mais alta desde 1931.
Em relação à temperatura mínima, os valores médios mensais também estiveram quase sempre acima ou muito próximo do valor normal, exceto fevereiro e julho. De realçar por um lado a anomalia positiva no mês de outubro, 2ª mais alta desde 1931 e, por outro lado, a anomalia negativa no mês de fevereiro, 6ª mais baixa desde 2000.
A precipitação em 2023 foi 9º valor mais baixo desde 2000
Ainda de acordo com o IPMA, no ano de 2023 o valor médio da precipitação total anual, 735,8 mm, foi inferior ao valor normal 1981-2010 com uma anomalia de -105,7 mm. Valores da precipitação superiores aos registados em 2023 ocorreram em cerca de 30% dos anos desde 1931.
Em relação à precipitação, esta teve o 9º valor mais baixo desde 2000 e 60 % da precipitação do ano ocorreu em 3 meses (janeiro, outubro e novembro).
Durante o ano 2023, 7 meses registaram valores inferiores ao valor normal 1981-2010, 2 meses registaram valores muito próximos do normal e 3 meses acima da normal. Destacam-se as anomalias negativas dos meses de fevereiro e abril, que foram extremamente secos e dezembro, que foi um mês muito seco.
É de salientar a anomalia positiva do mês de outubro, tendo chovido neste mês cerca de 2 vezes o valor médio.
Eventos meteorológicos relevantes ao longo do ano 2023
Em janeiro ocorreu uma onda de frio em cerca de 15% das estações meteorológicas em Portugal continental, enquanto que três ondas de calor registaram-se em abril, registando-se um novo valor máximo extremo para o mês de abril, 36.9 °C, que ocorreu em Mora.
Em junho ocorreu uma onda de calor com duração de 6 a 7 dias em 52 % das estações meteorológicas.
No mês de agosto, mês extremamente quente, ocorreram duas ondas de calor e no dia 22, foram ultrapassados os máximos históricos em 7 estações.
Nos meses de setembro e outubro registou-se uma onda de calor que se iniciou a 24 de setembro e prolongou-se até 13 de outubro, abrangendo quase todo o território e teve uma duração máxima de 19 dias em duas estações.
Em relação a condições de instabilidade, é de referir que ocorreram condições adversas em alguns meses. Dos quais se destacam os meses de maio e junho com queda de granizo nas regiões do Norte e Centro, em especial no interior.
No mês de setembro também ocorreu precipitação forte com queda de granizo em vários locais do território continental.
O mês de outubro, em algumas estações meteorológicas do continente, foi o mais chuvoso desde o início das respetivas séries, tendo sido ultrapassados os anteriores maiores valores diários de precipitação em cerca de 12 % das estações.
De assinalar também neste mês de outubro rajadas de vento que chegaram aos 120 km/h em alguns locais. No dia 17 ocorreu ainda um fenómeno extremo de vento no Algarve, em Castro Marim.
Ao longo do ano verificaram-se 30 novos extremos de precipitação, 13 extremos mensais em outubro e 17 extremos diários (janeiro e outubro).
Em relação à situação de seca, 30 a 40 % do território esteve em seca severa e extrema entre os meses de abril e agosto, abrangendo a região Sul.