Novo recorde nas concentrações de gases com efeito de estufa em 2020
A pandemia causada pelo COVID-19 com o respetivo declínio temporário nas emissões, em 2020, não teve qualquer impacto relevante nos níveis atmosféricos dos gases com efeito de estufa e nas suas taxas de crescimento.
O ritmo atual de aumento das concentrações de gases com efeito de estufa, compromete as metas de aumento de temperatura, até ao final deste século, do Acordo de Paris, de 1,5 a 2 °C acima dos níveis pré-industriais.
Boletim de Gases com Efeito de Estufa da Organização Mundial de Meteorologia
O Programa de Observação Global da Atmosfera (GAW) da Organização Mundial de Meteorologia (OMM) coordena observações sistemáticas e análises de gases com efeito de estufa e outros constituintes atmosféricos, o que permite a monitorização da concentração dos referidos gases na atmosfera. Com base no Programa de Observação é elaborado anualmente pela OMM o Boletim de Gases com Efeito de Estufa.
De acordo com o último Boletim de Gases de Efeito Estufa da OMM, referente a 2020, a concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera atingiu mais uma vez um novo recorde no ano 2020, com a taxa anual de aumento acima da média 2011-2020.
A concentração de dióxido de carbono (CO2), o mais importante gás com efeito de estufa, atingiu 413,2 partes por milhão em 2020 e é de 149% do nível pré-industrial. O metano (CH4) é de 262% e o óxido nitroso (N2O) é de 123% dos níveis em 1750, quando as atividades humanas começaram a afetar o equilíbrio natural da Terra.
Dióxido de carbono
O dióxido de carbono (CO2) é o gás com efeito de estufa mais importante da atmosfera, com longa permanência na atmosfera e representa aproximadamente 66% do efeito de aquecimento da atmosfera, principalmente por causa da combustão de combustíveis fósseis e da produção de cimento. Cerca de metade do CO2 atualmente emitido por atividades humanas permanece na atmosfera, enquanto os oceanos e os ecossistemas terrestres absorvem a outra metade.
No entanto, o Boletim alerta para a possibilidade de que, no futuro, os oceanos e os ecossistemas terrestres possam perder a sua eficácia, diminuindo a sua capacidade de absorver CO2 e agindo como reguladores que impedem aumentos adicionais na temperatura.
Os dados das estações de monitorização mostram que, em 2021, os níveis de CO2 continuam a subir.
Metano
O metano (CH4) é um poderoso gás com efeito de estufa que permanece na atmosfera por cerca de uma década e é responsável por cerca de 16% do efeito de aquecimento dos gases de efeito estufa de longa duração, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA).
Aproximadamente 40% do metano é emitido na atmosfera por fontes naturais (por exemplo, pântanos), e cerca de 60% vem de fontes antropogénicas (por exemplo, ruminantes, cultivo de arroz, exploração de combustíveis fósseis, aterros sanitários e queima de biomassa).
A redução de metano a curto prazo na atmosfera poderia ajudar a alcançar as metas do Acordo de Paris.
Óxido nitroso
O óxido nitroso (N2O) é um poderoso gás com efeito de estufa e contribui também para a destruição da camada de ozono. É responsável por cerca de 7% da força radiativa (efeito de aquecimento da atmosfera) por gases de efeito estufa de longa duração.
O óxido nitroso é emitido para a atmosfera por fontes naturais, aproximadamente 60% (oceanos e solos), e por fontes antropogénicas, aproximadamente 40%, incluindo queima de biomassa, uso de fertilizantes e diversos processos industriais.
As emissões devido a atividades humanas, predominantemente de terras agrícolas fertilizadas com nitrogénio, aumentaram 30% nas últimas quatro décadas. Segundo a OMM, a agricultura é responsável por 70% de todas as emissões artificiais deste gás devido ao uso de fertilizantes nitrogenados e estrume.