Novo recorde dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera

Os gases de efeito de estufa e em particular o dióxido de carbono atingiram níveis recorde na atmosfera, apesar dos efeitos causados pela pandemia do coronavírus.

combustão de combustíveis fósseis
A combustão de combustíveis fósseis tem contribuído para o aumento do CO2 na atmosfera.

Os dados do dióxido de carbono na atmosfera mostram que as ações para reduzir as emissões estão ainda longe de serem eficazes de forma a reduzir ou remediar os impactos ambientais nocivos resultantes das alterações climáticas.

Dióxido de Carbono

O dióxido de carbono é o gás mais importante com efeito de estufa de longa duração na atmosfera relacionado com as atividades humanas. As emissões resultantes da combustão de combustíveis fósseis e da produção de cimento, dos transportes, da desflorestação e de outras alterações do uso do solo têm contribuído para aumentar o CO2 atmosférico.

Durante a última década, cerca de 44% do CO2 permaneceu na atmosfera, enquanto 23% foi absorvido pelo oceano e 29% pela terra, com 4% não atribuídos. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), o nível médio anual global de dióxido de carbono em 2019 era cerca de 410,5 partes por milhão (ppm), contra 407,9 partes ppm em 2018.

As 400 partes por milhão foram ultrapassadas em 2015. A taxa de aumento em apenas quatro anos de 2015 para 2029, mais de 10 ppm, nunca tinha sido verificada no arquivo histórico dos registos.

co2
Dados do Laboratório de Investigação do Sistema Terra dos EUA registados na estação de Mauna Loa, Hawaii. Os níveis de CO2 variam com a estação do ano. (Fonte: The Guardian)

Como exemplo, o relatório da OMM indica que a média mensal de CO2 para setembro de 2020 na estação de referência de Mauna Loa no Hawaii é de 411,3ppm, contra 408,5ppm em setembro de 2019. Também é verificado um aumento na estação do Cabo Grim, na Tasmânia, Austrália, passando a média mensal de CO2 para setembro de 2019, 408,6ppm, para 410,8ppm em setembro de 2020.

O aumento de CO2 continua a verificar-se ao longo dos anos e é de referir que o aumento de 2018 a 2019 foi maior do que o observado de 2017 a 2018, e também maior do que a média ao longo da última década.

O último Boletim dos Gases de Efeito de Estufa da OMM mostra que o CO2 na atmosfera é agora 50% mais elevado do que em 1750, antes da Revolução Industrial. De referir que o CO2 retém dois terços do calor retido na superfície da Terra pelos gases com efeito de estufa.

Tendência em 2020

Durante o período mais intenso do confinamento da população, as emissões diárias de CO2 foram reduzidas a nível global, mas a previsão da redução total anual das emissões ao longo de 2020 é ainda muito incerta.

De qualquer forma, durante a pandemia do coronavírus apesar das emissões globais de carbono terem diminuído não foram o suficiente para que não houvesse aumento global do CO2 na atmosfera em 2020.

De acordo com o Boletim dos Gases de Efeito de Estufa da OMM estima-se uma redução das emissões globais anuais entre 4,2% e 7,5%. À escala global, uma redução de emissões desta escala não provocará uma diminuição do CO2 atmosférico. O CO2 continuará a subir, embora a um ritmo ligeiramente reduzido (0,08-0,2 ppm por ano mais baixo), menos do que a variação natural verificada ano após ano. Isto significa que, a curto prazo, o impacto dos confinamentos COVID-19 não pode ser distinguido da variabilidade natural.