Novo recorde de desflorestação na floresta da Amazónia

Relatórios atualizados indicam que um total de 1062km² de floresta foi destruído no mês passado, uma área quase do tamanho da cidade do Rio de Janeiro. Este valor era de 1043km² no mesmo mês, do ano passado, disse o Instituto Nacional de Investigação Espacial (INPE) do Brasil, que utiliza imagens de satélite para medir a cobertura florestal.

A área total registada de desflorestação mostra que 3609km² de floresta tropical amazónica foram perdidos no primeiro trimestre de 2021, mais 17% do que no mesmo período do ano passado. O número foi o mais alto de um mês de Junho desde que o INPE começou a recolher dados em 2015.

Desde que chegou ao poder em 2019, o presidente da extrema-direita Jair Bolsonaro tem promovido a comercialização da Amazónia, descrevendo as ONG's que tentam proteger a floresta tropical como um "cancro".

Contudo, Bolsonaro comprometeu-se, recentemente, a eliminar a desflorestação ilegal no Brasil até 2030, cerca de 10 anos antes do objetivo, embora os ambientalistas digam que isto é desonesto. No mês passado, o Vice-presidente geral Hamilton Mourao anunciou uma operação militar contra a desflorestação da Amazónia, sendo o seu posto o segundo mais alto do gabinete do governo depois do presidente.

Corrupção governamental envolvida em taxas de desflorestação

No início de julho, o ministro do ambiente brasileiro, Ricardo Salles, demitiu-se após o Supremo Tribunal ter ordenado uma investigação sobre as alegações de que estava envolvido num esquema de tráfico de madeira.

Salles, que também afirmou que a Amazónia não é o "pulmão verde" do mundo, afirmou que a maior floresta tropical do planeta tem "o seu ciclo fechado". Os seus comentários controversos e de baixo perfil ao lidar com a emergência ecológica, foram acrescentados ao relatório de investigação.

Foi recentemente substituído por Joaquim Álvaro Pereira Leite, aliado de um dos maiores lobbies agrícolas do país. Segundo vários meios de comunicação social brasileiros, a sua família está envolvida num processo judicial contra o povo indígena da Amazónia e contra a protecção da Terra Indígena Jaraguá em São Paulo, uma comunidade que vive na área desde 1940.

Sobre-exploração da floresta tropical brasileira

Os dados sobre a Amazónia também marcaram o seu pior registo de desflorestação e sobre-exploração de terras relacionadas com incêndios florestais em Junho, desde 2007 até à data.

As observações mostram que foram detetados cerca de 2308 incêndios, um aumento de 2.3% em relação ao mesmo mês do ano passado. Esta informação mostra claramente a perda acelerada da maior floresta tropical da América do Sul, com o maior número de incêndios registados em áreas pertencentes ao Brasil.